ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO - FEVEREIRO

ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO

"NARRATIVAS LÚDICAS DA INFÂNCIA - A música e o ritmo, O corpo e a dança, A escuta e o brincar"

EM BREVE!!!

EDUCADORES, PAIS, ARTISTAS, ESTUDANTES E TODOS OS INTERESSADOS EM ARTE, EDUCAÇÃO E LUDICIDADE ESTÃO CONVIDADOS!


Abordando a importância do reconhecimento do brincar como linguagem própria e fundamental da criança e meio por excelência para a construção de conhecimentos sobre si, sobre a relação com o outro e as coisas do mundo. Serão apresentadas aos participantes as contribuições da brincadeira para o desenvolvimento integral, bem como questões presentes na sociedade contemporânea que impedem a concretização de uma infância plena e permeada pela ludicidade.

Para mais informações acesse: www.ateliegiramundo.com ou envie uma mensagem para contato@ateliegiramundo.com

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Brincando com arte: espaço de identidade



Imagem: Internet




Com a temática central da criação do espaço da arte e do brincar com crianças na educação infantil, este artigo busca esclarecer a importância do brincar e as relações que fluem entre a arte e as brincadeiras infantis, além do papel da Escola como promotora desta atividade, através da formação em serviço de educadores.

“O brincar a cada dia perde seu espaço na vida das crianças nas grandes metrópoles, criando uma lacuna no desenvolvimento da personalidade infantil e o esvaziamento da formação da identidade cultural, provocando um fenômeno visto como uma desintegração cultural”, segundo Seppi (2002), da mesma forma que “isto torna o resgate do brincar um desafio para uma educação que se preocupa com a formação integral do cidadão” (Seppi,2002)

Cabe à escola proporcionar este espaço em todos os sentidos, pois o brincar é uma atividade fundamental na etapa da Educação Infantil. É necessário repensar o uso do espaço e as rotinas da escola para proporcionar aos alunos a oportunidade de experimentarem um grande número de modalidades de brincadeiras e as conexões existentes entre o brincar e a Arte, caracterizando esta relação como um espaço de construção de identidade. 

As brincadeiras que permitem um maior contato com a natureza, que favorecem para que a criança sinta-se integrada, participante, conhecendo seu corpo, esticando, encolhendo, saltando, arrastando, rolando e acompanhando as formas orgânicas da natureza circundante, adquirindo agilidade, flexibilidade, precisão e destreza, citadas por Seppi (2002) devem constar de um planejamento baseado nesta concepção de educação. 

Segundo Wajskop (1995), que considera a brincadeira em uma perspectiva sócio-histórica e antropológica, a base genética do brincar e da arte são similares, pois ambas são atividades sociais e humanas, que supõem contextos sócio-culturais, através dos quais a criança recria a realidade com sistemas simbólicos próprios: “não-brincar” é a não fruição da imaginação poética, das ricas fantasias significativas da vida. Ao brincar, a criança aprende a selecionar, a organizar e a desenvolver seus esforços, impulsos internos a partir dos quais se origina o movimento, simulando o real e apropriando-se dele.

É fundamental o contato com a natureza, em diferentes espaços para que a criança construa em liberdade a percepção das diferenças e tenha a possibilidade de estabelecer vínculos, sentindo-se parte integrante deste cenário, desenvolvendo uma consciência ecológica, como afirma Bronfebrenner, aguçando seu olhar, sensibilizando-se com o mundo que a cerca, interagindo com seus elementos.

A brincadeira e a arte são formas de experimentação de experiências, de múltiplos movimentos e de sensações, que alicerçam a maneira do sujeito estar no mundo. Também viabilizam o contato com as emoções pessoais e do outro, vivenciando relações sociais, negociações e compartilhando histórias de vida. São momentos de ensinar o outro e de aprender com ele, socializando novidades, decisões e opções, portanto um espaço de identidade do sujeito-aprendiz.

A escola, como um espaço de encontros, deve propiciar a brincadeira como atividade fundamental da criança, para que ela possa aprender a fazer por si mesma, descobrindo limites, compartilhando prazeres, vivendo sentimentos em toda a sua intensidade. Deve repensar sua rotina e planejamentos, ampliando o espaço do brincar com o resgate da memória da infância e das histórias de vida dos educadores, como as lembranças dos quintais mágicos e das ruas de seus tempos de criança. 

O ponto de partida para este trabalho é a formação dos educadores para que seus olhares contemplem o brincar como uma atividade genuína da criança e percebam que a arte é um dos caminhos de construção de conhecimentos e apropriação da cultura. Ao recuperarem suas memórias da infância, abre-se a oportunidade de vinculá-las às suas práticas pedagógicas. As vivências, registros e incursões às experiências significativas são canais para a tomada de consciência das matrizes pedagógicas que dão sentido à vida do sujeito educador ao refletir sobre eles.

A metodologia utilizada para a operacionalização desta concepção de brincar com arte foi a do trabalho com projetos, de cunho interdisciplinar, onde o eu convive com muitos outros em diálogos constituintes de novos conhecimentos. Os projetos são definidos como um “vir-a-ser”(Proença,2003), uma construção feita no dia-a-dia, dentro da visão de um professor investigador e autor de sua trajetória. Cabe ao educador projetar os passos do seu trabalho, a organização dos espaços, o planejamento de cada etapa a partir da observação, do registro, da avaliação e da observação de seu grupo-classe, propondo desafios e situações que problematizem o cotidiano e que possibilitem às crianças desenvolverem o sentimento de pertencimento ao projeto.

É importante também estabelecer relações entre o fazer do aluno e a produção artística, criar vínculos e identificações, sempre pensando em tornar o aluno capaz de “ler” o mundo da arte e com ele interagir, expressando-se através das múltiplas linguagens artísticas, ampliando sua educação estética.

Com este espaço de expressão, de nutrição de seu imaginário e de elaboração de seu mundo interno em conexão com a realidade, a identidade da criança, e do educador, se fortalecem, dando-lhes a possibilidade de construir seus projetos de vida, enquanto cidadãos e sujeitos saudáveis e felizes, capazes de ressignificar a própria existência, brincando com Arte.

E então, vamos brincar?






Sugestões bibliográficas


ALBANO, Ana Angélica. “O Espaço do Desenho: a educação do educador” - SP:Edições Loyola, s/d (Coleção Espaço – nº4)

BROUGÈRE, Gilles. “Brinquedo e Cultura” - SP: Cortez,1995 (Questões da nossa época – nº43)

BUITONI, Dulcília S. “Quintal Mágico. Educação-Arte na Pré-Escola” - RJ:Editora Brasiliense,1988 

BRONFENBRENNER, Urie. “ A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejamentos” - Porto Alegre: ArtMed,1996

LÜCK, Heloisa. “Pedagogia Interdisciplinar. Fundamentos teórico-metodológicos” - SP: Vozes,1995

OSTETTO, Luciana E. e LEITE, Maria Isabel. “Arte, Infância e Formação de Professores” - Campinas,SP:Papirus,2004 (Coleção Ágere) 

SEPPI, Isa. “Coreografia/Escrita de uma investigação interdisciplinar sobre a formação de uma professora de Arte” - UNICID: dissertação de mestrado,2002

WAJSKOP, Gisela. “Brincar na pré-escola” - SP: Cortez,1995






Maria Alice Proença





Fonte: Blog Aliança pela Infância

Um comentário:

  1. Amei o texto, parabéns acredito na transformação da educação infantil com o brincar e arte caminhando juntas.

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