ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO - FEVEREIRO

ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO

"NARRATIVAS LÚDICAS DA INFÂNCIA - A música e o ritmo, O corpo e a dança, A escuta e o brincar"

EM BREVE!!!

EDUCADORES, PAIS, ARTISTAS, ESTUDANTES E TODOS OS INTERESSADOS EM ARTE, EDUCAÇÃO E LUDICIDADE ESTÃO CONVIDADOS!


Abordando a importância do reconhecimento do brincar como linguagem própria e fundamental da criança e meio por excelência para a construção de conhecimentos sobre si, sobre a relação com o outro e as coisas do mundo. Serão apresentadas aos participantes as contribuições da brincadeira para o desenvolvimento integral, bem como questões presentes na sociedade contemporânea que impedem a concretização de uma infância plena e permeada pela ludicidade.

Para mais informações acesse: www.ateliegiramundo.com ou envie uma mensagem para contato@ateliegiramundo.com

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Mundo da Imaginação Infantil - perguntas e respostas - Como os pais e professores devem agir para não reprimir a imaginação das crianças?


Imagem: Internet


O mundo da imaginação infantil é uma caixinha de surpresas maravilhosa! De lá saem muitos pensamentos, ações e comentários, por muitas vezes, engraçados. O princípio do respeito ao que a criança diz, é a questão básica para não reprimir a imaginação dos pequenos. Nesse mundo agitado que vivemos fica difícil parar para dar atenção ao que dizem as crianças. Entretanto, esse momento é valioso e muito importante para o desenvolvimento da criança, pois a imaginação está ligada a criatividade e precisamos ser criativos para nos destacarmos na vida em sociedade, não é mesmo? Então, ouça o que seu filho diz, não julgue antecipadamente, nem desmereça a história que foi contada. Estimule lançando perguntas e até mesmo fazendo sugestões, se a criança permitir. Ao final, ajude a criança a distinguir sobre o que pertence a realidade e o que pertence a imaginação. Essa troca é um bom momento para introduzir o que é certo e o que é errado e também para apresentar à criança o que você pensa sobre a vida.

Os pais devem se preocupar com o amigo imaginário que algumas crianças têm?

O amigo imaginário é aquele personagem com o qual a criança conversa, brinca e às vezes até briga. Ninguém o vê, exceto a criança. Dos três aos seis anos mais ou menos, algumas crianças são pegas brincando com este amiguinho. Isso é normal e faz parte do desenvovimento infantil. Os pais podem perguntar o nome do amigo, a idade e permitir que a criança fale dele. Contudo, algumas crianças usam o amigo imaginário para obter soluções para os problemas que por si só não sabem resolver. Como por exemplo, uma criança que não come sua comida, porque vai dá-la ao amigo. Essa desculpa não vale!! Ou a criança quebra algo em casa e responsabiliza o amiguinho imaginário. Os pais devem conversar com a criança de uma forma calma para que ela possa se justificar adequedamente expressando seus motivos e até se desculpando. A criança fantasia que o amigo imaginário existe de verdade, mas, mesmo pequena, sabe que é somente uma brincadeira. É comum as crianças reservarem um lugar do sofá que só o amiguinho poderá sentar! E, pais, não usem o amigo imaginário para barganhar com seu filho.
Outra questão sobre esse assunto e que merece atenção dos pais é aquela criança que não tem amigos reais e só fica o tempo todo brincando com o amigo imaginário e por muitas semanas. Criança gosta de criança, e se seu filho não tem amigos ou fica isolado em várias festas infantis, atenção porque algo pode estar acontecendo com os relacionamentos interpessoais desta criança, e isso precisa ser investigado pela família, uma vez que esse isolamento pode gerar sofrimento.

Como é explicado a criança criar um amigo que não existe?

A partir dos três anos anos a criança já é capaz de simbolizar, isto é, fazer a imagem mental do objeto, mesmo ele não estando presente. E essa capacidade é maravilhosa, porque abre a possibilidade de se pensar em muitas coisas e unir o que viu e aprendeu com sensações e sentimentos. É como uma porta aberta para um mundo de cores. É prazeroso brincar, então a criança une a sua brincadeira com personagens que não estão ali na realidade, mas que precisam existir para a brincadeira ficar mais gostosa. Outras vezes, esse amigo precisa existir para trazer um conforto de uma companhia ou ocupar o lugar de alguém da família que não pode estar presente naquele momento. O amigo imaginário aparece também para a criança exercitar diálogos, numa imitação aos adultos. Fique alguns minutos ouvindo a criança brincar com seu amiguinho e perceberá que ela repete palavras, gestos e até frases de pessoas ou situações que vivenciou. . É comum a criança criar esse amigo numa situação de mudança de sua rotina, a qual pode ter gerado ansiedade. No diálogo com o amigo imaginário essa angústia pode aparecer. Esse é um modo da criança enfrentar os seus medos ou expressar seus sentimentos. Haja com naturalidade diante dessa brincadeira imaginativa do seu filho e, assim que puder, converse sobre os temas que a criança abordou na brincadeira para ajudá-la a resolver esse conflito.

A criança sempre sabe diferenciar o real do imaginário? Como os pais e professores podem ajudar nesta questão.

A criança pequena não sabe separar o que é real do que é imaginário. Desde bebê é estimulada a criar e imaginar, então contamos histórias de contos de fada, ofertamos os desenhos da televisão e brincamos de faz-de-conta com a criança. Conforme ela vai crescendo, já vamos introduzindo as realidades para essa criança. Dizemos, por exemplo, que não existe de verdade a bruxa malvada que mora numa casinha de doces! Mas, chamo à atenção dos pais para essa importante missão: de ajudar a criança a distinguir o que é real do que é imaginário. É só introduzir frases que apontam para fatos reais e reforçar que aquilo só acontece em histórias inventadas. Quando a criança veste a fantasia do Super-Homem, pensa realmente que é ele, que tem a força dele e que pode voar pela janela. Conversar com os pequenos de forma clara e carinhosa, sem quebrar a emoção vivida pela criança, é a melhor forma de inserir dados da realidade e ao mesmo tempo participar desta alegria que a criança está vivenciando!

Em qual fase da vida a criança começa a usar a imaginação?

Quando bebê começa a sorrir do esconde-aparece que os pais fazem, é só uma brincadeira muito prazerosa para pais e filhos. Com um aninho já se nota o bebê ensaiando pequenos gestos que apontam para a imaginação: segurar a boneca ninando-a ou imitar o barulho do motor do carro.  Mais ou menos aos dois ou três anos, a criança começa a brincar de faz-de-conta. Então o controle remoto vira carrinho, a colher de sopa vira aviãozinho e tudo fica descontraído. A criança já consegue se expressar melhor por meio da linguagem oral e a família participa muito mais, porque há troca afetiva! Os pais percebem que a imaginação está a mil por hora quando a criança transforma objetos em brinquedos para diversão. A imaginação vai surgindo na medida em que a criança for capaz de pensar sobre um fato significativo para ela. Dizer ao bebê que a cuca vai pegar não faz sentido, porque ela não sabe o que significa. A idade varia, mas a criança mostra que já é capaz de imaginar quando ela vê  a cena como um filminho na sua cabeça, isto é tranformando em imagens o que foi ouvido. Essa fase é muito gostosa, porque podemos contar historinhas que ganham sentido, significado  e que divertem muito os pequenos e até nos mesmos, porque as crianças são capazes de inventar cada história!!!

Como a imaginação evolui em cada fase da criança?

Até os três anos: tudo que pertence à criança e que está a sua volta e ao seu alcance vira brinquedo. Os sapatos da mãe, as almofadas do sofá, as panelas da cozinha. Objetos que se transformam e ganham outras utilidades. A criança está tocando os objetos e experimentando sensações, o frio e o quente, o liso e o rugoso, o som produzido pelo objeto.  A criança necessita desses objetos que são concretos e portanto precisam estar presentes para que a brincadeira aconteça. Abuse de peças para empilhar ou para encaixar estimulando, assim, ações motoras, desafios e exploração do ambiente. Nesta fase, os familiares são os maiores incentivadores da imaginação infantil, porque eles entram na fantasia e se tornam um pouco criança também, mudam a voz e assumem um personagem . Os brinquedos e objetos ganham vida e a criança realmente acredita nisso. A panelinha tem comida de verdade e o cavalinho está mesmo cavalgando. Um pouco mais tarde, a criança começa a perceber que a boneca realmente não está com frio!

Dos três aos cinco anos: agora as histórias começam a ganhar e sentido. São introduzidos mais personagens, mais criatividade e ação. As crianças sentem necessidade de usar objetos da casa para compor suas fantasias, então viram cadeiras, arrastam vasos e compõem cenários. Nesta fase, muitas crianças fazem o convite aos pais para participarem da brincadeira. Aproveitem para  se deleitarem. Só não vale brigar com a criança, porque você queria ser o Batman!!

Dos seis aos oito anos: As histórias ganham sentido, coerência e até finalidade. As crianças já conseguem trazer temas como medo, raiva, amor e guerra para as histórias. Imitam personagens de novelas ou desenhos, distribuem papéis e entram em acordos ou entram em discórdia sobre tais papéis. Nesta fase, a crença nos heróis é muito grande. Querem ser como a Barbie ou ter os poderes do Homem-Aranha. Há sempre uma identificação com os personagens eleitos, pois há algo neles que é muito atrativo para a criança. E assim como amam desesperadamente, podem no dia seguinte eleger outro personagem para idolatrar. É assim mesmo!

A partir dos sete ou oito anos: as crianças passam a unir a imaginação com aventuras reais. Querem vivenciar emoções, por isso os parques temáticos são excelentes para a criança soltar a imaginação e brincar para valer. Os amigos imaginários já se foram e a criança assume amigos reais para compartilhar as aventuras.

A imaginação pode ser perigosa? Como notar se está prejudicando a criança?

Para as crianças as brincadeiras fantasiosas sempre vão contribuir para o seu desenvolvimento  de forma geral. Entretanto, a imaginação infantil pode ser perigosa em situações em que a criança não consegue perceber prejuízos, e acaba se envolvendo em perigos, até mesmo fatais. Brincar de comer plantinhas do vasinho da mamãe pode ser muito perigoso. Ou quando, na escola, a criança fica imaginando um monte de brincadeiras e se dispersa da aula. O lápis vira avião e metade da aula foi perdida. Os pais devem conhecer seus filhos o suficiente para saber se ele está bem ou não. É preciso ter atenção aos passos da criança, seja na brincadeira no fundo do quintal, seja fazendo o acompanhamento escolar. Talvez não seja uma bronca que a criança precise, mas sim a compreensão de seus gestos e um diálogo bem afetivo.

O que as crianças aprendem com o mundo irreal?

Quando pequenas, as crianças incorporam modelos de situações vivenciadas ou vistas no cinema, reproduzindo os gestos e reinventando situações. Se a família briga muito, repare que as brincadeiras do filho vão envolver agressividade e dependendo da idade da criança, essa reprodução aparece na escola, por vezes enlouquecendo a professora! Mas o faz-de-conta sadio, aquele que representa momentos prazerosos contribui para a formação intelectual da criança. É como se fosse um ensaio da vida real. Crianças pouco imaginativas são também pouco criativas. Então é preciso brincar e muito. Pode ter jogos de regra, computador ou DVD, mas não pode faltar a brincadeira lúdica, aquela que histórias são criadas e objetos são transformados para compor a brincadeira. Creio que algumas crianças de hoje estão tendo sérios prejuízos na escola, como na elaboração de textos, porque não brincaram usando a imaginação, exercitaram pouco a criatividade, pois passaram grande parte do tempo com jogos programados.
E o que podem aprender as crianças com o mundo irreal? Podem aprender a trabalhar a frustração, a ser mais criativa na resolução de problemas, a se desenvolver na linguagem oral e corporal e principalmente a lidar com o outro, seja real ou imaginário.

Quais os benefícios da imaginação no desenvolvimento infantil?

São muitos os benefícios da imaginação infantil no desenvolvimento da criança, a começar pela brincadeira de imitação do adulto. Quando a criança imita um adulto, significa que ela consegue observar o mundo ao seu redor e que está incorporando os modelos sociais. É, inicialmente, apenas um exercício de dramatização de situações vivenciadas pelos adultos e captadas pela criança, entretanto a criança está brincando com suas emoções e sentimentos, tentando entender e elaborar o que escolheu para representar. Uma criança que brinca está nos mostrando que está emocionalmente saudável. Só é preciso observar o conteúdo desta brincadeira, pois este conteúdo é, muitas vezes, revelador dos sentimentos e emoções da criança.
A imaginação infantil também propicia outras invenções, abrindo espaço para a criatividade. Brincar de faz-de-conta é muito mais benéfico para a criança do que assistir um super desenho. Ao apenas visualisar o desenho, a criança recebe um amontoado de imagens, cores, sons, contudo, ao brincar de imaginar a criança cria, recria, estimulando sua criatividade e fazendo representações. Os objetos ganham vida e personalidade. Com o tempo as histórias ganham sequência e enredo. Então, a participação da criança na brincadeira imaginativa é mais preciosa na medida em que ela é ativa, o que não ocorre quando ela assiste ao desenho animado.

Algumas crianças fantasiam mais do que as outras?

Sim. Vai depender muito do estímulo que os familiares dão. Pais que ligam com frequência  a TV para o filho estão estimulando a inatividade. Pais que propiciam momentos de brincadeiras imaginativas, estimulando ao participar e oferecendo materiais para a construção da brincadeira ofertam à criança a possibilidade da elaboração de histórias que se enriquecem com o passar do tempo.
Há crianças que são muito mais imaginativas que outras e isso não representa problema algum. É um problema quando a criança mistura demais a fantasia com a relidade, e se justifica dizendo coisas absurdas. Por exemplo, a criança que diz que quem quebrou o vaso da sala foi o homem aranha e de forma alguma assume a responsabilidade por tal feito.

A falta de imaginação, ou o pouco desenvolvimento dela, deve servir de alerta para os pais?

Os pais não percebem que a criança está pouco imaginativa, eles acham que a criança é madura demais ao ouvir as respostas delas sobre algumas situações cotidianas. Os pais só vão perceber que a criatividade está reduzida quando a criança estiver na escola e for solicitada a elaborar histórias, isto é, quando o mundo lá fora cobrar produções das crianças é que os pais vão perceber que algo não está bem.

De que forma os pais podem estimular a imaginação dos filhos?

Os pais podem estimular a criança brincando com ela e oferecendo objetos para estas brincadeiras. Uma escova de cabelo vira um personagem, etc. E com certeza os pais devem reduzir o tempo em que a criança permanece diante da TV.

Como estabelecer os limites do quanto a imaginação é saudável ou prejudicial ao desenvolvimento da criança?

Brincar tem hora e lugar e os pais devem ensinar isso. Não se brinca com a comida na hora do almoço, assim como não se brinca enquanto estuda ou faz lição. A criança pode imaginar, criar histórias e fantasiar personagens, contudo não pode misturar com a realidade e quem são os norteadores são os pais. É preciso ir dizendo à criança algumas frases que as ajudam diferenciar o que é real do que é imaginário. Eu só vi na TV o super homem, nunca vi um homem voando pela nossa cidade.
Os pais devem brecar os filhos sempre que eles usam a historinha imaginativa para justificar-se na vida real. E não devem aceitar desculpas irreais de forma alguma. Se preciso, deve haver repreensão.

A fantasia pode incentivar a mentira?

Não. O que incentiva a mentira são as atitudes dos pais frente às historias dos pequenos.

Como os pais devem lidar com essa questão?

Se os pais acham bonitinha a criança culpar o Peter Pan por não ter arrumado seu quarto, estarão incentivando a mentira. É preciso estar atento às questões morais envolvidas nas imaginações infantis. O que é certo e o que é errado podem ser ensinados enquanto a criança brinca ou quando a criança se justifica. Assim, a familía evitará que a criança se torne um adolescente sem limites morais.

Problemas familiares, de relacionamento e de conflitos pessoais podem ser identificados pelos pais nas brincadeiras ou histórias inventadas pelos filhos? O que deve ser observado, neste caso?

Nem sempre as crianças expressam conflitos enquando brincam. E brincar já é por si só terapêutico. O que precisa ser observado é se a criança une ao brincar outros comportamentos que apontam problemas, como deixar de se alimentar, voltar a fazer xixi na cama, chorar à toa, etc, podem ser indicativos de que a criança não está bem.

Qual a dica para os pais que querem participar desse mundo de fantasia com os filhos?

Os pais perderam a noção do pouco tempo que passam com os filhos. Então minha sugestão é que aproveitem cada minuto com a criança para brincar de imaginar, respeitando a fase pertinente à evolução da imaginação infantil. Então, dentro do carro a caminho de casa, podem criar histórias, no banho podem inventar a personagem das bolas de sabão, pedir para entrar na brincadeira do grupinho de amigos assumindo um personagem, assistir um desenho juntos e depois reinventá-lo, pintar, recortar papéis e criar personagens reais e irreais. São muitas as maneiras de participar da imaginação dos filhos, mas para isso é preciso sair da posição de pais preocupados e cansados para assumir, por alguns minutos que seja, a posição de criança, nem que seja para sentar no chão, andar descalços ou rolar na grama. Basta se lembrar que um dia nós, pais, fomos crianças e deixar acontecer. Experimente. Irão descobrir que é relaxante, além de estreitar os laços afetivos familiares!!



Autora: Daniela Ruiz de Mendonça, Psicóloga e Psicopedagoga


Fonte: 
www.aldeiadavida.com.br/daniela.htm

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