ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO - FEVEREIRO

ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO

"NARRATIVAS LÚDICAS DA INFÂNCIA - A música e o ritmo, O corpo e a dança, A escuta e o brincar"

EM BREVE!!!

EDUCADORES, PAIS, ARTISTAS, ESTUDANTES E TODOS OS INTERESSADOS EM ARTE, EDUCAÇÃO E LUDICIDADE ESTÃO CONVIDADOS!


Abordando a importância do reconhecimento do brincar como linguagem própria e fundamental da criança e meio por excelência para a construção de conhecimentos sobre si, sobre a relação com o outro e as coisas do mundo. Serão apresentadas aos participantes as contribuições da brincadeira para o desenvolvimento integral, bem como questões presentes na sociedade contemporânea que impedem a concretização de uma infância plena e permeada pela ludicidade.

Para mais informações acesse: www.ateliegiramundo.com ou envie uma mensagem para contato@ateliegiramundo.com

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Os brinquedos mudam conforme a idade



Imagem; Militão dos Santos




Até os 3 anos, a criança absorve o mundo por todos os seus sentidos e precisa ter contato com os elementos da Natureza: O MUNDO ENTRA NA CRIANÇA.

Primeira boneca: ao nascer a criança já pode ganhar uma boneca de nós, pequena, feita de seda, cetim ou algodão/flanela. No berço, serve como consolo para a hora de dormir, e pode acompanhar o bebê nas excursões fora de casa, como apoio, também conhecido como “cheirinho”.

Brinquedos até 3 anos: A boneca com membros, mas pouco detalhada, com feições apenas sugeridas, parecida com a criança, por exemplo, na cor dos cabelos e dos olhos. É a boneca companheira, espelho da própria criança. Carros de empurrar, fortes, como carrinhos de mão de madeira ou caminhões com caçamba para juntar coisas. Os objetos devem ser grandes para não serem engolidos, pois muito desta fase passa pela boca.

A partir aos 3 anos, inicia-se a fase social (antes dizemos que a criança é associal…não confundir com anti-social), ela adapta-se e aprende a relacionar-se com o mundo que a cerca. A CRIANÇA ENTRA NO MUNDO. Ela quer conhecer seu meio arnoiente, experimentar. A imitação com sentido das tarefas domésticas faz a criança participar do mundo adulto.

Até os 6 anos, a boneca detalhada (com cabeça humana, corpo ereto, membros bem definidos, roupas, acessórios, distinção de sexo, raça, etnia) é um ancoradouro, oferece apoio emocional. Depois passa a ser uma companheira que terá seu lugar de honra no quarto, até muito tempo depois da criança não mais brincar de “casinha”.

A partir dos 5 anos, os bonecos flexíveis encontram seu espaço no brincar, pois espelham os papéis na vida social (pai, mãe, professor, médico, irmã, bebê, avós, etc). Por terem estrutura de arame, possibilitam o manuseio, variando gestos e posições, como um teatro. A casinha de boneca grande com móveis e compartimentos é o complemento ideal para este brinquedo, assim como bichos de pano, madeira ou de tricô, canoas e carrinhos que possam ser ocupados pelos personagens. Tudo isto é válido tanto para meninas como para meninos.

Quanto aos fantoches, iniciamos com os fantoches de cordão, que, conduzidos pelos adultos no teatro, não é um brinquedo, mas um recurso para alimentar a fantasia da criança na contação de histórias. É uma imagem da situação espiritual na primeira infância, cujo direcionamento vem do alto.

Os fantoches de mão entram na vida da criança a partir dos 7 anos, quando a criança dá vida aos bonecos a partir de dentro: ela comanda! A criança sai da esfera do vivenciar puro para o pensar, desenvolvendo memória, imaginação e sentimento como instrumentos para sua vida social.

Já as marionetes, com estrutura de madeira, movimentos mecânicos e alavancas podem ser construídos pelas crianças a partir dos 12 anos, quando elas entram na puberdade e o peso do corpo se faz sentir. O desafio aqui é transformar os movimentos mecânicos em leves e harmoniosos. O jovem deveria conceber o brinquedo e construi-lo, assim ele pode ter a experiência de ser co-autor, co-responsável para com o mundo.

A partir dos 9 anos, os bonecos podem ter distinção de sexo. Antes, este detalhe não era importante, pois a fantasia da criança se ocupava da transformação necessária conforme a ocasião.

Quanto aos jogos, até 3 anos, a criança praticamente brinca sozinha, mesmo acompanhada de outras crianças. Tem pouca concentração e muda rapidamente seu foco de interesse. Depois desta fase, começa o brincar junto, com muita imitação. Aos 4 anos ela faz as regras. A partir  dos 6 anos, aceita as regras vindas de fora. Agora as reações terão muito a ver com o temperamento particular de cada um. Aos 12 anos, digerem os jogos, relacionando-os com seu íntimo. Tiram conclusões morais.

No jogo, está contida a força que harmonizará a vontade da criança. Deve ser acompanhada de duas outras forças: ritmo e fantasia. A fantasia é a fonte mais importante das forças criadoras da personalidade. O jogo deve vir do interior para o exterior: criança deve ser tocada no seu íntimo e excitada na sua extrema necessidade de mudança, assim aprende a dominar suas inclinações. A criança aprende que existem regras que as pessoas têm de manter para conviverem entre si. No seu jogo criativo, fazem suas próprias regras, bem rígidas até! É um exercício de dinâmica social.


BREVE PANORAMA DO DESENVOLVIMENTO ATÉ OS 12 ANOS


1 ano: tateia tudo com mãos e boca. Risco de ingerir objetos. Os brinquedos devem ser grandes, redondos ou arredondados: bolas de pano ou de borracha, bichos de tricô ou tecido, cestos para empilhar e juntar coisas. Exercitar a verticalidade no andar livre é a principal atividade da criança.

2 a 3 anos: Fase caracterizada por intensa atividade. Destrói (se dá mais com os meninos do que com as meninas) por causa dos movimentos bruscos. Não se detém muito tempo no brinquedo. É egoísta e tímida. Não empresta os brinquedos, não brinca com outras crianças muito tempo. Precisa de carros fortes de empurrar e de puxar, pás e colheres e recipientes para brincar na areia. Esta atividade ativa as forças plásticas, causando no organismo um bem-estar imediato. No futuro, estas forças se expressarão como originalidade criadora.

4 anos: Início da vida social, do brincar junto. A fantasia aflora. Imitação e repetição são a base do brincar. É ativa e falante, ainda com pouca concentração. Gosta de desafios como quebra-cabeças de figuras inteiras e conhecidas, dominós de bichos ou cores. Deleita-se com blocos de construção de madeira e carros menores. A boneca acompanha o brincar. Brincar com madeira dá à criança a necessária quantidade de calor e “humanidade”, os brinquedos se personalizam, são simpáticos à criança.

5 anos: tem maior domínio das mãos, já executa tarefas domésticas. Em geral, são calmas e felizes, tem maior auto-determinação e domínio. Fica em silêncio por longos períodos.  Fazem muitas perguntas. Manifestam muito interesse pelas letras, para esquecer no ano seguinte. Tem ideias claras do que querem como regras, a brincadeira surge como inspiração própria (“faz de conta…, agora você fala isso… e eu faço aquilo…”). A brincadeira pode parar em qualquer ponto (para brigar, almoçar etc). Lida bem com jogos de dados simples. Precisa de variedade de objetos para construções da sua fantasia (panos, madeiras, cestos, pedras, bichos, bonecos, carros, panelas, roupas, caixas, pás…).

6 anos: Maior concentração e muita imaginação. O domínio corporal deve estar amadurecido, com lateralidade definida. Adora desafios corporais tanto de motricidade ampla (subir nas árvores, construir cabanas, gangorras…) como os de motricidade final (tricô de dedo, debulhar grãos, pequenas costuras, manusear bonecos de teatro, dedilhar a Kântele etc). Aceita regras e assume papéis e tarefas dentro da sala. Começa o interesse pelas coleções, que pode se estender até a puberdade. Gosta de ouvir longas histórias e a memória já se faz presente como capacidade nova, revelando a passagem para a fase seguinte, da vida escolar.

Na vida escolar, não deveria se passar nenhum dia sem que o entusiasmo e o experimentar fosse exercitado na criança, o que se faz numa educação baseada em atividades artísticas.

Até 8 anos, a criança não se preocupa em compreender o mundo de maneira intelectual. Ela “agarra” o mundo com o corpo inteiro: trepando, escorregando, esburacando, correndo, dando cambalhotas. Brincar significa amar o mundo! Ela “devora” informações: coleciona.

Aos 9 anos interessam-se por jogos que exigem concentração, habilidade, movimento, dinâmica: amarelinha, girar pião, correr com aros de arame, bolinhas de gude, pular corda, cinco-marias, etc.

Entre os 11 e 12 anos, através dos jogos e histórias onde o dualismo da alma é vivenciado (apego à terra x relação com e espiritual) a criança é levada a se conhecer melhor, podendo chegar sozinha à conclusões morais. Jogos em grupo: esconde-esconde, pé na bola, polícia e ladrão. Jogos de tabuleiro: xadrez, damas e de cartas: dorminhoco, detetive etc.


AMBIENTE – ARRUMAÇÃO – ATITUDE DO ADULTO


Quanto ao ambiente físico, precisamos levar em consideração as impressões que os órgãos dos sentidos estão recebendo: cores, estampas, forração do chão, da cama, das cortinas. Algumas questões podem nos levar à reflexões positivas.


  • Os móveis são adequados à idade, em tamanho, forma e finalidade?
  • Os brinquedos estão colocados ao alcance da criança? Eles estão expostos como numa vitrine ou cada qual tem seu lugar apropriado?
  • Há espaço para guardar tudo em ordem, ou brinquedos estão socados em baús, gavetas, armários, sacos?
  • No pátio, há elementos variados, acessíveis à criança: areia, água, grama, árvore, pedras, toras de madeira… há espaço no pátio para a criança brincar com balanço, correr, construir cabanas, etc?
  • O quarto de dormir tem de estar sempre em ordem e o quarto de brincar pode ficar sempre bagunçado?

De forma geral, o quarto da criança deveria também acomodar pelo menos alguns brinquedos, porque ali é o seu cantinho particular, onde ela elabora seu mundo de fantasia, e onde busca refúgio nos momentos de tensão. Ele não precisa ser grande, mas aconchegante e convidativo, com cores pastéis nas paredes e tecidos, móveis com quinas arredondadas, quadros que invoquem qualidades e ações humanas (atividades no campo, o anjo da guarda, mães cuidando de seus filhos, animais domésticos com seus donos…). As bonecas devem ter seu canto especial, com uma caminha ou uma cadeirinha, ou um cesto que abrigue a todas, lado a lado. Carrinhos podem ter sua garagem embaixo de alguma prateleira.

Os brinquedos devem ser selecionados: os de brincar no pátio podem ficar guardados em outro armário, em outra peça da casa próxima ao pátio para facilitar o acesso. No quarto, deve acontecer as brincadeiras mais delicadas como montar casinhas, jogos de peças pequenas, desenhar, ver livros. Os livros devem ficar no quarto, acessíveis na medida em que a criança aprende a manuseá-los, assim ela criará amor pelos livros e pela leitura.

A regra geral é: no quarto, + CONCENTRAÇÃO; no pátio, + DISPERSÃO. Isto é importante, corresponde ao respirar rítmico saudável, equilibrando a criança física e emocionalmente.

Quanto à arrumação: quando exigimos ordem em excesso é como se impuséssemos à criança que ela acorde de seu sonho e entre na fria realidade, instalando o prematuro despertar do intelecto, comprometendo a saúde física-anímica e a futura faculdade do pensar. A desordem, de forma geral, não agrada aos pais, mas precisamos compreender o que experimenta a criança e o que é necessário ao seu desenvolvimento. Planejar este momento do dia, preparar-se para ele, considerando seu papel educativo ajuda a efetivar tensões. É sempre bom lembrar que, para as crianças, uma mãe brava é como uma “divindade irada”.

Até os 5 anos, a criança não consegue distinguir o seu brincar de outras atividades (tomar banho, almoçar, arrumar o quarto, escovar os dentes, etc.) precisamos levá-la à mudança pela fantasia, ou seja, junto com a criança ir colocando os cavalos no estábulo, os carros na garagem, as bonecas nas caminhas, etc. Com os maiores, podemos criar um jogo: “eu junto as peças vermelhas e você as azuis”. Cantar cantigas que evoquem a ação desejada ajuda muito neste momento, diluindo tensões, exemplo: canções para dobrar panos, para escovar os dentes, para se enxugar.

Ter o quarto em ordem deve inspirar vida e não uma vitrine, com brinquedos expostos em prateleiras. Cada coisa deve ter o seu lugar, não rígido, mas permeado de sentido: camas para os bonecos, garagem para carros, anões de feltro num tronco, pedras preciosas num bauzinho, conchas num cestinho, etc.

Dar os brinquedos, ou permitir brincadeiras, como construir cabanas na sala, com a condicionante condição de que depois tudo deverá ser guardado em seu devido lugar inibe as crianças e muitas vezes impede que as brincadeiras se realizem. Muitas crianças já não dão vazão às suas fantasias por já terem consciência de que é chato e cansativo arrumar tudo depois; tornam-se apáticas, sem criatividade e acomodadas. “Colocar as coisas em seu lugar” não faz parte da vida da criança pequena, isto só adquire significado nos anos escolares.

Quanto à postura do adulto, este deveria desenvolver um olhar para os brinquedos cheio de carinho e respeito e transmitir isto em seus gestos. Arrumar o quarto deveria ser um ato de amor e não só de limpeza. Algumas observações poderão nortear os pais neste sentido:

  • Tentar compreender as necessidades físicas e anímicas de cada idade (especialmente importante para famílias com mais de um filho), relembrando a própria infância e investigando sobre o assunto.
  • Fazer companhia às crianças e interferir somente no necessário, orientar quando preciso e participar quando convidado.
  • Estar com as mãos ocupadas numa tarefa qualquer, costurando ou cuidando das plantas, para disfarçar o fato de estar supervisionando a brincadeira.
  • Ter em mente que a fantasia do adulto não é igual à fantasia das crianças, por isso não exagerar nas interpretações ou intervenções.
  • Geralmente, o adulto é visto como um intruso quando a criança está entretida criando algo.
  • Quando falta iniciativa às crianças, é tarefa do adulto entusiasmá-las e orientá-las nos jogos e brinquedos sadios.
  • Em lugar de repreender, no caso da desordem, situar-se no mundo infantil e tomar parte na alegria criadora que vem das crianças.
  • O adulto deve ser digno de ser imitado. Suas ações, bem como seus sentimentos e pensamentos devem refletir que é bom estar na terra, que é bom crescer e conviver. Em resumo, toda ação educativa deve permear-se dos sentimentos de que o mundo é bom, belo e verdadeiro.


ELEMENTOS PARA O BRINCAR


  • Retirados da Natureza: pedras, conchas, folhas, galhos, areia, barro, água, musgo, pequenos bichinhos, pinhas, sementes, cascas, catutos, vagens etc.
  • Elaborados pedagogicamente: animais de pano/tricô/madeira; carros de madeira/lata, fogõezinhos de barro, capas, caixas, blocos de montar, bonecos de pano/tricô/feltro, bolas de tecido, sacos, panos de tamanhos variados, bonecas grandes e pequenas, móbiles etc.
  • Brinquedos temporários: caixas de papelão, rolinhos de papel higiênico, potes de iogurte, palitos de picolé, latas, rolhas, tampinhas etc.
  • Brinquedos de pátio: gangorra, corda, balanço, escorregador, cavalinhos de cabo de vassouras, carriolas, carrinhos de mão etc.
  • Coleções: selos, tampinhas, figurinhas, papel de cartas, guardanapos, folhas secas, pedrinhas coloridas, conchas etc.
  • Modelagem: na caixa de areia ou na praia, argila, cera de abelha, massa de pão ou biscoito, massinha etc.
  • Casinha: panelinhas de barro, de ferro, de lata; panos de tamanhos variados, colheres de pau, recipientes de bambu, móveis pequenos, cestos, caixas, pregadores de roupa, tina para lavar etc.
  • Jogos sociais: teatralização baseada em histórias, cantigas de roda, jogos com regras simples como “coelho na toca”; jogos com regras definidas bem x mal. Como “amarelinha”; jogos com bola ou objetivo de grupo, etc.
  • Jogos com regras: quebra-cabeça, loto, dama, resta-um, cara-a-cara, cinco-marias, jogo-da-velha, dominó, etc.
  • Bonecas: roupinhas adequadas à “idade” da boneca, caminha, berço, panos para embrulhar, “canguru” para carregar a boneca nos passeios, etc.


Texto elaborado por Simone de Fáveri, pedagoga e terapeuta artística antroposófica
Extraído do COLIBRI BOLETIM DA ESCOLA WALDORF ANABÁ

Nenhum comentário:

Postar um comentário