ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO - FEVEREIRO

ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO

"NARRATIVAS LÚDICAS DA INFÂNCIA - A música e o ritmo, O corpo e a dança, A escuta e o brincar"

EM BREVE!!!

EDUCADORES, PAIS, ARTISTAS, ESTUDANTES E TODOS OS INTERESSADOS EM ARTE, EDUCAÇÃO E LUDICIDADE ESTÃO CONVIDADOS!


Abordando a importância do reconhecimento do brincar como linguagem própria e fundamental da criança e meio por excelência para a construção de conhecimentos sobre si, sobre a relação com o outro e as coisas do mundo. Serão apresentadas aos participantes as contribuições da brincadeira para o desenvolvimento integral, bem como questões presentes na sociedade contemporânea que impedem a concretização de uma infância plena e permeada pela ludicidade.

Para mais informações acesse: www.ateliegiramundo.com ou envie uma mensagem para contato@ateliegiramundo.com

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Os jogos e as brincadeiras populares: ressignificando a cultura infantil na escola e no fazer pedagógico


Imagem: Internet




Na infância, as inúmeras maneiras de brincar da criança traduzem através de atividades recreativas, os seus gestos e atividades corporais de como a mesma vai compreendendo o mundo. Essas ações permitem que a criança reconheça, pouco a pouco, seu ritmo, sua força, suas limitações e a consequência dessas ações em seu meio. 

A ludicidade exerce função fundamental no desenvolvimento da criança, contribuindo na formação de sua personalidade e na ampliação de seus conhecimentos, pois através dela encontram-se formas de realizar-se como pessoa e como cidadão integrado na sociedade. É o cognitivo e afetivo caminhando juntos. 


Nesse processo de desenvolvimento, o professor exerce um poder fundamental na construção desse conhecimento, pois não adianta ter materiais e espaço físico para promover suas atividades de jogos e brincadeiras, se sua intervenção não provocar desafios e questionamentos, que auxiliem o crescimento da criança. 


Este profissional necessita de uma formação, que estimule a auto-reflexão e a construção de caminhos alternativos, qualificando sua forma de atuação. Dessa maneira o professor poderá transformar a sala de aula em um ambiente que proporcione mais alegria e motivação a criança, utilizando a brincadeira como instrumento pedagógico, visando situações que favoreçam o ensino - aprendizagem. 

Este trabalho tem por objetivo analisar na literatura a concepção sobre recreação entendida de modo crítico e dialógico na perspectiva da problematização de situações. Tendo por finalidade a tradução da relação entre os jogos e brincadeiras populares e o ensino de qualidade na escola no seu fazer pedagógico. Desta forma, cabe à escola enquanto instituição formadora, a responsabilidade de provocar, preparar, incentivar e encorajar ações pedagógicas que facilitem o resgate histórico-cultural, objetivando as expectativas e necessidades dos alunos, admitindo um saber que permita um processo educacional mais amplo. Neste panorama, analisaremos estudos já realizados nas últimas décadas, sobre jogos e brincadeiras populares, que tornam possível alongar o tempo e o espaço pedagógico, as relações coletivas e o trato com o conhecimento no interior da escola. Uma vivência lúdica de diferentes linguagens por meio da cultura infantil, permite a criança expressar-se e experimentar diversas situações que proporcionam o aprendizado. Este conhecimento adquirido propicia ao aluno o diálogo competente com o meio social, aprender a respeitar para ser respeitado, a escutar para ser escutado, a estabelecer limites e regras e reivindicar direitos.


Assim a escola executa sua missão na construção da cidadania. A utilização dos jogos e brincadeiras resgatam uma memória lúdica infantil, que promovem uma sensação de prazer, auxiliando no processo ensino-aprendizagem e favorecendo o relacionamento social através do brincar, consequentemente o lúdico produz no ambiente escolar novos saberes que melhoram a qualidade de vida. 

Os jogos e as brincadeiras populares em consonância com novos paradigmas: cooperação, diversidade, tolerância, integração e inclusão, proporcionam a criança um melhor aproveitamento na relação ensino-aprendizagem. 


Através do lúdico e de uma vivência cultural, a criança pode viver uma realidade desejada que por muitas vezes não lhe é oferecida, devido as características representadas na infância, tais como: fantasia, criatividade e imaginação. É no brincar que a criança enxerga e constrói seu mundo, manifestando aquilo que encontra dificuldade em expor com palavras. Nessa abordagem, o corpo foi entendido como o eixo principal das atividades recreativas realizadas, pois a criança precisa viver e pensar corporalmente, e não se julgar um eu proprietário de um corpo,pois não se trata apenas de um objeto ou instrumento, mas uma forma de viver corporalmente. 


Conforme FRANÇA(1999), “Assim, é possível reconhecer o valor educacional da educação, onde a expressão corporal é mais uma forma de linguagem, propiciando ampliar formas de leitura do cotidiano e tornado o sujeito mais capaz de comunicar-se. Esse fantástico acervo cultural deve constituir um saber a ser sistematicamente tratado nas práticas escolares, favorecendo a identificação de estilos e hábitos, a partir de indicadores da cultura, do ambiente de vida, identificando os fatores motivacionais referentes às práticas e o desenvolvimento do sentido e significado de regras e normas, tanto no trato dos conteúdos tematizados, como por exemplo o jogo popular, a dança e as brincadeiras, quanto nas relações sociais mais amplas, como por exemplo a família, a escola, o trabalho, propiciando-lhes a oportunidade de questionar o existente e tentar modelos alternativos”. 


A brincadeira cria caminhos alternativos para alcançar um coletivo abrangente na sociedade. É no brincar que as crianças se deparam com situações importantes, tais como: imaginação, medo e fantasia. Todavia, este brincar apresenta-se ameaçado pela indústria predadora dos brinquedos infantis e a tecnologia dos vídeos games, televisão, celulares, computadores e outros artifícios eletrônicos. 


Conforme BRUHNS(1989), “a sociedade pós-industrial é caracterizada pela substituição do raciocínio humano, pelos poderes eletrônicos da computação e a conquista da informática que alcançou o mundo lúdico, influenciando de forma generalizada todas as classes sociais tendo como alvo as crianças que são as principais consumidoras deste tipo de brinquedos produzidos industrialmente.


É No brincar que a criança enxerga e constrói seu mundo, manifestando aquilo que encontra dificuldade em expor com palavras. Através de desejos íntimos, dos problemas e de suas ansiedades é que a criança se comporta no meio social e é na brincadeira que a criança aprende que, quando se perde no jogo, o mundo não acaba. 

Com a preocupação de proteger seus filhos, os pais acabam se tornando reféns dessa indústria virtual, na intenção de resguardar ou preservar a criança mais tempo dentro de casa. 


Os acontecimentos do dia a dia determinam esse tipo de comportamento, que se justifica através de estatísticas de ordem social como a criminalidade, as drogas e a violência, que resultam no afastamento das crianças das ruas e praças por exemplo. Devido à insegurança o espaço de lazer da criança acaba delimitando-se apenas ao ambiente escolar e familiar, por uma questão de risco. Outro fator relevante é o avanço da construção civil, que torna o espaço urbano cada vez mais escasso para brincadeiras infantis. 


É uma pena, pois por meio das brincadeiras de rua conhecida atualmente como jogos populares, as crianças ganham um saber cultural popular, que facilitam um melhor entendimento da sociedade em que vivem. 


Isto posto, os jogos populares na infância apresentam enorme potencial educativo no quadro de uma Educação Física sob o enfoque multicultural. 


O brincar através da cultura popular infantil constitui caminhos alternativos para romper a barreira da tecnologia, na busca da compreensão da multiplicidade cultural da criança, que em cada gesto solidifica sua cultura e história. 


“(...) os jogos e as brincadeiras sempre tiveram um grande poder sobre as crianças. Com eles as crianças tem capacidade de raciocínio, criatividade e principalmente, liberdade para poder se expressar, soltar a toda a sua energia” SÁ(1995). 


Por isso, é primordial que o jogo e a brincadeira popular seja resgatado e garantido na escola e na comunidade extra-escolar, valorizando uma fonte de manifestações culturais lúdicas com um amplo conteúdo de entendimento que oportunizem as crianças vivências próprias. 


Analisando, ainda, os estudos expostos por SÄ (1995) percebemos que, “Toda criança deveria viver no mundo da ludicidade, ou seja poder se manifestar por inteiro. É preciso que a criança sinta prazer naquilo que faz e não fazer por fazer ou porque está recebendo uma ordem. O processo lúdico esta a dispor da criança para ela poder usufruir de toda a sua capacidade de criação.” 


Com estas contemplações estamos colaborando para a discussão sobre a temática, instigando os profissionais da área a uma revisão no seu procedimento pedagógico, afim de quebrar a rotina resgatando os jogos e brincadeiras populares para dentro da escola, assim como do interior dela para fora. 


No futuro a criança perceberá que durante seu processo de desenvolvimento, uma mesma pessoa pode exercer papeis sociais distintos, variando conforme situação social envolvida. 



CONCLUSÕES 

Conforme foi visto neste artigo, vários estudiosos afirmam a importância do brincar, por isso proporcione a criança a oportunidade de se divertir com jogos e brincadeiras populares, esta é uma necessidade de todo ser humano. A ludicidade é essencial na vida das crianças, pois através do brincar acontece a interação com o outro e consigo, a possibilidade de criar e recriar, de estabelecer normas e limites acerca do mundo, o que resulta na busca incessante do aprender. 


Neste processo de construção do desenvolvimento da criança, conclui-se a importância do papel mediador do professor, na relação ensino - aprendizagem. Este deve está consciente da significância do lúdico na formação do individuo, pois elementos essenciais devem ser observados através desta prática, tais como: a forma como a criança interage com o outro, suas emoções, aspecto psicomotor, sua linguística e seus valores morais. 


Por fim, compreende-se que o lúdico é uma ferramenta fundamental no trabalho do professor e de extrema significância no ambiente escolar, visando o desenvolvimento e construção do conhecimento da criança, assim como a reinvenção de novos caminhos alternativos na mudança do comportamento humano. 





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

BRUHNS, Heloisa. Lazer, trabalho e tempo: uma discussão a partir de Thompson e de Grazia. Campinas: DEL-FEF-UNICAMP, 1999. (mimeo) 

FRANÇA, Tereza Luiza de. Educação para e pelo lazer. In: MARCELINO, Nelson Carvalho. (Org.). Lúdico, educação e educação física. Ijuí : Ed. UNIJUí, 1999. Coleção Educação Física. 


MARCELINO, Nelson Carvalho. Pedagogia da Animação. Campinas-SP: Papirus,1990. 

SÁ, Raquel Estela. O brincar de ontem e o brincar de hoje: suas diferenças e implicações para as aulas de Educação Física. Trabalho Monográfico apresentado à UFSC, 1995. 

GARCIA, Rose Maria Reis & MARQUES, Lilian Argentina Braga. Brincadeiras cantadas. Porto Alegre: Kuarup, 1988. 

MURCIA, Ruan Antônio Moreno. Aprendizagem através do jogo. Porto Alegre: Artmed, 2005. 

SANTIN, Silvino. Educação Física: uma abordagem filosófica da corporeidade. Ijuí: UNUJUÍ Ed., 1987.




Autor: Rafael Rodrigues Wanderley -  UFPE 
Orientadora: Profa. Dra. Tereza França - UFPE 

Nenhum comentário:

Postar um comentário