ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO - FEVEREIRO

ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO

"NARRATIVAS LÚDICAS DA INFÂNCIA - A música e o ritmo, O corpo e a dança, A escuta e o brincar"

EM BREVE!!!

EDUCADORES, PAIS, ARTISTAS, ESTUDANTES E TODOS OS INTERESSADOS EM ARTE, EDUCAÇÃO E LUDICIDADE ESTÃO CONVIDADOS!


Abordando a importância do reconhecimento do brincar como linguagem própria e fundamental da criança e meio por excelência para a construção de conhecimentos sobre si, sobre a relação com o outro e as coisas do mundo. Serão apresentadas aos participantes as contribuições da brincadeira para o desenvolvimento integral, bem como questões presentes na sociedade contemporânea que impedem a concretização de uma infância plena e permeada pela ludicidade.

Para mais informações acesse: www.ateliegiramundo.com ou envie uma mensagem para contato@ateliegiramundo.com

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Importância da Educação Infantil para o Amplo Desenvolvimento da Criança

Imagem: Internet


O presente pretende analisar a importância da Educação Infantil para o amplo desenvolvimento da criança, considerando o verdadeiro papel da escola no processo educativo. Para tanto realizou-se um estudo bibliográfico de caráter qualitativo, fundamentado em Áries (1981), Freud (1973), Piaget (1974), Antunes (2004) e Hermida (2007); com o objetivo de esclarecer e discutir como deve ser o trabalho na Educação Infantil, de maneira que possibilite a criança desenvolver-se plenamente, e tem como objetivo refletir sobre a importância da educação escolar para o desenvolvimento da criança, considerando que a Educação Infantil é uma etapa relevante na medida em que proporciona na criança desenvolver-se integralmente em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.
Dessa forma, fez-se um estudo bibliográfico buscando analisar qual a contribuição da escola para o processo de formação da criança, pois esta necessita de orientação adequada de maneira que possibilite uma aprendizagem saudável e significativa. Sendo assim, cabe ao educador interagir com as crianças, orientar sua aprendizagem, bem como atendê-las de forma adequada, respeitando sua forma de ser e agir no mundo. Desse modo, segundo Vygotsky (1989, p.148 apud HERMIDA, 2007, p.285)
as experiências e as trocas afetivas são fonte de desenvolvimento. É através da experiência social mediada pelo outro, nas diversas situações de convívio social da qual participa, que a criança aprende parte significativa das ações e conhecimentos necessários para sua inserção no mundo.
Nesse sentido, é fundamental que o educador oportunize experiências estimuladoras que possibilitem a criança construir seu próprio conhecimento, considerando suas características e diferenças étnicas, religiosas, econômicas e todas as suas necessidades específicas. Portanto, compete ao ensino infantil considerar que as crianças são diferentes entre si, implicando assim em uma educação baseada em condições de aprendizagem que as respeitem como pessoas singulares.
Sabe-se que fora da escola os alunos não têm as mesmas oportunidades de acesso ao conhecimento. Nessa perspectiva, baseando-se em estudos de Áries (1981) busca-se refletir sobre a importância da Educação Infantil para a progressão da infância; em Freud (1973) e Piaget (1974) para a compreensão das fases do desenvolvimento infantil, as quais devem ser levadas em consideração; e ainda Antunes (2004) e Hermida (2007) para o entendimento de como deve ser o espaço ideal para que a criança alcance os objetivos que dela se esperam.

A INFÂNCIA E A EDUCAÇÃO INFANTIL

O período que se estende da gestação até os seis anos de idade é considerado o mais importante para o desenvolvimento da criança, pois é nessa fase que a criança estabelecerá suas conexões com o mundo, corroborando esta afirmativa Antunes (2006, p. 9) declara que a criança "precisa desenvolver-se plenamente nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social, por meio de uma educação bem estruturada que atenda as necessidades da criança", porém essa relevância não foi sempre considerada ou mesmo conhecida, pois durante muito tempo a criança não era reconhecida como um ser que precisava de cuidados e educação específicos para a sua faixa etária e para cada fase do seu desenvolvimento.
Até o período da Idade Média a criança era vista como um adulto em miniatura, um ser que precisava ser treinado para suas atividades quando alcançasse a idade mínima para tal. Até mesmo suas roupas eram semelhantes às roupas dos adultos, e como destaca Ariès (1981, p.32), "a diferenciação das vestes objetivava apenas manter visíveis os degraus da hierarquia social". A presença da criança nas obras de arte, ao serem retratados nos momentos familiares, junto a outros adultos, brincando ou presente nas cenas da crucificação, segundo Ariès (1981, p.21) sugere duas ideias:
primeiro a de que, na vida cotidiana as crianças estavam misturadas com os adultos, e toda reunião para o trabalho, o passeio ou o jogo reunia crianças e adultos; segundo, a idéia de que os pintores gostavam especialmente de representar a criança por sua graça ou por seu pitoresco.

Dessa forma, expondo a criança como um ser que não possuía características e valores próprios que fossem dignos de respeito e por isso eram tratadas como uma subclasse que antecedia tornar-se humano, como um animal irracional que a partir do momento que tivesse suas faculdades físicas amadurecidas seria considerado como um indivíduo racional.
Ao considerarem-se os estudos relativos à infância, Ariès (1981) afirma que apenas no século XIII começaram a surgir representações da criança que se aproximam do sentimento moderno; a criança anjo representada pelo menino que era educado para ajudar na missa, o Menino Jesus ou Nossa Senhora menina que já trazia algum sentimento específico pela infância e a criança nua representando a pureza e alma que era entregue a cada pequena e nova criatura. Pois até o século XII a ausência da criança nas representações artísticas denuncia que, a criança tinha tarefas e obrigações que lhe preparavam para a vida adulta desde muito cedo, e dessa forma não havia preocupação nem espaço para as fases específicas da infância, pois a infância não passava de mera transição para se modelar ao que se esperava do futuro adulto. Na mesma obra, Ariès (1981, p. 99) ressalta que o fato de não existir um sentimento pela infância
não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem.
Não era atribuído nenhum significado específico a infância, e ainda as crianças menores, não eram levadas em consideração pelo fato de terem uma vida muito frágil devido os altos índices de mortalidade infantil. Ariès (1981, p. 100) complementa: "Assim que a criança superava esse período de alto nível de mortalidade, em que sua sobrevivência era improvável, ela se confundia com os adultos", e então passava a desempenhar as atividades que já se esperavam dela.
Na Idade Moderna, com o advento do Iluminismo, percebe-se uma mudança na concepção da criança, especialmente nas classes mais elevadas: a criança passa a receber maior atenção e cuidados específicos e direcionados para suas necessidades que começam a ser percebidas como diferentes das necessidades dos adultos. Os registros históricos apontam que a criação das primeiras instituições para crianças datam do século XIX, e Friedrich Froebel que viveu no período de 1782 a 1852 foi o fundador dos primeiros modelos de jardim de infância, utilizando jogos e brincadeiras no aprendizado infantil.
Ao se criar um elo entre as representações infantis e o conhecimento concreto; segundo os estudos de Ferrari (2008), Froebel defendia ainda que quanto mais ativa é a mente da criança, mais ela é receptiva a novos conhecimentos, assim considerando os sentidos da criança, o contato que ela cria com o mundo e respeitando os estágios de capacidade de aprendizado e suas características específicas é que deve ser o ponto de partida para o ensino.
A princípio, a educação infantil desempenhou um papel mais de assistencialismo, como afirma Heidrich (2010, p. 01), dizendo que no Brasil esse período "perdurou por quase um século e só perdeu força quando a Constituição de 1988 tornou o segmento um dever do Estado e fortaleceu seu caráter educativo", não só no Brasil, mas em todo o mundo a ideia de assistencialismo ganhava força, como salienta Kuhlmann Jr. (2000, p. 14):
A concepção da assistência científica, formulada no início do século XX, em consonância com as propostas das instituições de educação popular difundidas nos congressos e nas exposições internacionais, já previa que o atendimento da pobreza não deveria ser feito com grandes investimentos. A educação assistencialista promovia uma pedagogia da submissão, que pretendia preparar os pobres para aceitar a exploração social. O Estado não deveria gerir diretamente as instituições, repassando recursos para as entidades.
Assim, as primeiras escolas já surgiam com o objetivo de manter as classes subordinadas no patamar em que estavam recebendo apenas assistência básica para que os pais das crianças pobres pudessem continuar trabalhando para manter o alto nível econômico da classe dominante.
No século seguinte, devido a mudanças estruturais na sociedade ocasionadas pela Revolução Industrial, a mulher passou a compor o mercado de trabalho, e desta forma houve uma crescente necessidade de se aumentar o número de escolas já que as mães não mais poderiam cuidar de seus filhos em tempo integral, necessitando assim de um auxílio do governo para contar com escolas que cuidassem bem de seus filhos, dessa forma Kuhlmann Jr. (2000, p. 11) expõem que
As instituições de educação infantil tanto eram propostas como meio agregador da família para apaziguar os conflitos sociais, quanto eram vistas como meio de educação para uma sociedade igualitária, como instrumento para a libertação da mulher do jugo das obrigações domésticas, como superação dos limites da estrutura familiar. As idéias socialistas e feministas, nesse caso, redirecionavam a questão do atendimento à pobreza para se pensar a educação da criança em equipamentos coletivos, como uma forma de se garantir às mães o direito ao trabalho. A luta pela pré-escola pública, democrática e popular se confundia com a luta pela transformação política e social mais ampla.

Através desse contexto entende-se que as mudanças na sociedade atingiam diretamente os mecanismos de funcionamento da educação, pois as instituições escolares precisavam atender, além das necessidades das crianças, também as necessidades das famílias.
Somente em 1988, com a promulgação da Constituição da República Brasileira, a educação foi tratada como assunto de suma importância e como um direito que toda criança dispõe mesmo antes de nascer, e um dever que cabe ao Estado garantir. Na busca por melhorias na educação, Heidrich (2010, p. 02) coloca a Constituição de 1988 "como marco que rompeu a tradição assistencialista" e complementa declarando que
dois anos depois, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) reafirmou os direitos constitucionais em relação à Educação Infantil. Em 1994, o MEC publicou o documento Política Nacional de Educação Infantil que estabeleceu metas como a expansão de vagas e políticas de melhoria da qualidade no atendimento às crianças, entre elas a necessidade de qualificação dos profissionais, que resultou no documento por uma política de formação do profissional de Educação Infantil.
Além desses documentos, foi de fundamental relevância a promulgação da Emenda Constitucional que criou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), onde a educação infantil passou a compor a primeira etapa da Educação Básica, integrando-se aos ensinos fundamental e médio.
Outras publicações como o documento divulgado pelo MEC em 1998: Subsídios para credenciamento e o funcionamento das instituições de educação infantil e a edição do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil como parte dos Parâmetros Curriculares Nacionais, visando à elaboração de currículos de educação infantil, cuja responsabilidade foi delegada pela LDB a cada instituição e seus professores. Em 1999 o Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil que como afirma Heidrich (2010, p.2) "Esses documentos são, hoje, os principais instrumentos para elaboração e avaliação das propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil do país", desempenhando um importante papel na organização da educação infantil, pois são eles que fornecem as bases para se compreender os direitos que cabem a todas as crianças.

AS FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

O desenvolvimento da criança tem sido alvo de grandes estudos, em que o ser infantil é visto como um importante meio de obtenção de respostas para múltiplas indagações que se tem a respeito do comportamento humano. Tais estudos têm revelado que a criança passa por um processo de construção de personalidade conforme as relações estabelecidas com o ambiente físico e social que convive, haja vista que há opiniões contrárias a esta afirmação, pois a hereditariedade também é um dos fatores relevantes para o desenvolvimento humano.
Piaget, um dos grandes percussores das teorias do comportamento humano, realizou pesquisas no campo da psicologia infantil, constatando que o desenvolvimento cognitivo dar-se-á através de estágios, momentos em que o indivíduo adquire maturidade desde o nascimento à vida adulta estando em constante transformação.
Em linhas gerais, Piaget (1974) esquematiza o desenvolvimento intelectual nos seguintes estágios: Sensório-motor (0 a 2 anos) que corresponde o estágio inicial, que vai do nascimento até os dois anos de  vida, momento em que a criança já tem uma percepção do ambiente e age sobre ele. Faz-se necessário uma estimulação ambiental para que o bebê obtenha reflexões das imagens e com isso já passe a coordenar-las.
O segundo estágio (2 aos 6 anos) chamado de Pré-operacional, momento em que a criança começa a desenvolver a capacidade simbólica. Neste período o que de mais importante acontece é o aparecimento da linguagem, que irá acarretar modificações nos aspectos intelectual, afetivo e social da criança. É importante ainda considerar que neste período a maturação neurofisiológica completa-se permitindo o desenvolvimento de novas habilidades, como a coordenação motora fina, onde a criança já consegue fazer alguns movimentos exigidos pela escrita.
O terceiro estágio chamado de operações concretas (7 aos 11 ou 12 anos) é o período onde as operações mentais da criança ocorrem em resposta a objetos e situações reais. Também inicia-se a construção lógica, isto é, a capacidade de coordenação de pontos de vista diferentes. E por último o quarto estágio, que se refere às operações formais, é o período após os 12 anos, a fase da adolescência, em que a criança passa a adquirir características próprias da fase adulta, como também adquire autonomia crescente em relação ao adulto, passando a organizar seus próprios valores morais.
Levando em consideração essas fases, vale ressaltar que o processo de ensino e aprendizagem deve considerar o período de maturação, pois segundo Mussen (1982, p.27-28) "odas as características do indivíduo bem como todas as mudanças de desenvolvimento são produtos de maturação" Portanto é esta que determina o nível de desenvolvimento que a criança se encontra, sendo necessário que o organismo atinja o momento apropriado para a realização de determinada tarefa, obtendo assim uma aprendizagem.
Pela ótica de Freud (1973) o comportamento humano é orientado pelo impulso sexual, que o mesmo chamou de libido, que significa prazer, assim pode-se descrever a sequência em que ocorrem as manifestações do impulso sexual distinguindo-as em cinco fases, onde a transição entre elas é gradual, pois a duração varia de um indivíduo para outro. A fase oral (0 18 meses) ocorre durante os primeiros anos de vida, onde a zona de erotização é a boca, os lábios e a língua, são os órgãos de satisfação da criança, seus desejos são orais. A fase anal (18 meses a 3 anos) é o período que a criança aprende a controlar as fezes e a urina, sua atenção está voltada ao funcionamento anal. A fase fálica (3 a 7 anos), é o período em que o papel sexual começa a ser assumido pelos órgãos genitais. Nessa fase do desenvolvimento sexual, o objeto de interesse para a criança de ambos os sexos é o pênis. Esse período apresenta grande tensão e muitas dificuldades para a criança. "Sua solução é importante para o desenvolvimento normal e os desvios em sua resolução estão atrás de quase todas as dificuldades neuróticas dos adultos de nossa cultura" (BALDWIN, 1973, p. 344).

A fase de latência (7 a 12 anos) período este correspondente aos anos escolares, quando a criança estará voltada para a aquisição de habilidades, valores entre outros. Contudo esta fase é de calmaria, na qual os impulsos são impedidos de se manifestar surgindo sentimentos como a vergonha, repugnância e moralidade. A fase genital refere-se à fase adulta, período de concretização da identidade na qual o ser já está pronto para se envolver sexualmente.
Para Freud (1973) aspectos extremamente significativos de nosso desenvolvimento pessoal e emocional são determinados durante os primeiros sete anos de vida, desse modo práticas inadequadas na educação das crianças resultarão em prejuízos para o seu comportamento quando adulto.
Diante do exposto, percebe-se a importância do estudo do desenvolvimento humano para compreender que a criança não é um adulto em miniatura, ao contrário, ela apresenta características próprias de sua idade. Os estudos e pesquisas de Piaget e Freud demonstraram que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, conforme cada faixa etária. Dessa forma, todos os aspectos levantados são significativos para a educação, pois ao se planejar como e o que ensinar é necessário saber quem é o educando, ou seja, compreender em qual momento a criança se encontra, para que haja uma aprendizagem significativa como também possibilita ao educador realizar seu trabalho de maneira eficiente, proporcionando aos alunos uma maior compreensão do conteúdo.
Sendo assim, as teorias do desenvolvimento humano permitem conhecer as individualidades de cada ser humano, o que torna os profissionais da educação mais aptos para observar e interpretar os comportamentos infantis.

EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESPAÇO EDUCATIVO

A educação e o cuidado na primeira infância tem sido pauta de grandes discussões frequentemente. Considerando que a educação infantil é a base inicial do processo educativo, esta deve ser um ambiente onde a infância possa ser vivida em toda sua plenitude, conforme estabelece a LDB no artigo 29 ao dispor que a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Dessa maneira, é dever do Estado assegurar às crianças de zero e seis anos de idade o atendimento em creche e pré-escola segundo dispõe o artigo 30. Conforme Antunes (2004) esse atendimento deve ser planejado de modo que não se separe a ideia do brincar da ideia do aprender e que proporcione um ambiente propício para descobertas possibilitando à criança construir seu próprio conhecimento.
Nesse contexto, vale lembrar que as crianças desde o nascimento estão em constante interação com os adultos, que logo procuram incorporá-las a suas relações e a sua cultura. Sendo assim, percebe-se que quase todos os comportamentos humanos são resultantes da convivência com os demais. Logo, a família se constitui no maior agente socializante, isto é, as experiências da criança no âmbito familiar, particularmente com a mãe, são de grande importância para determinar seu comportamento em relação aos outros. Para Hermida (2007, p. 85):
A partir das interações que estabelece com pessoas próximas, a criança constrói o conhecimento. A família, primeiro espaço de convivência do ser humano, é um ponto de referência fundamental para a criança pequena, onde se aprende e se incorporam valores éticos, onde são vivenciadas experiências carregadas de significados afetivos, representações, juízos e expectativas.
Dessa forma, torna-se fundamental a existência da educação infantil à medida que tem o caráter de complementar à educação recebida da família. Caso a criança em casa não tenha acesso a uma aprendizagem "adequada", consequentemente caberá a ela construir a partir das possibilidades que lhe é disponível. Assim cabe a escola assumir um lugar onde a criança se desenvolva, proporcionando apoio e estímulos indispensáveis a cada fase da vida.  Conforme o pensamento de Bujes (2001, p. 21 apud HERMIDA, 2007, p. 227)
[...] a educação infantil precisa ser muito mais qualificada. Ela deve incluir o acolhimento, a segurança, o lugar para a emoção, para o gosto, para o desenvolvimento da sensibilidade; não podendo deixar de lado o desenvolvimento das habilidades sociais, nem o domínio do espaço e do corpo e das modalidades expressivas; deve privilegiar o lugar para a curiosidade e o desafio. 
Portanto, é dever da escola contribuir para o desenvolvimento e a realização do ser humano. A consideração da criança no seu desenvolvimento global indica ter uma preocupação em considerá-la em todas as suas dimensões, tanto nas necessidades físicas como sociais, ou seja, educá-la e cuidá-la, pois na prática pedagógica segundo atores da educação infantil, o cuidar e o educar são indissociáveis.
Todavia, a grande responsabilidade da educação infantil, de acordo com Almada (2007), é compreender o jeito especial de cada criança de estar no mundo, respeitando o seu tempo, seu estilo incomum de ser e sua individualidade. É importante que seja oferecido um ambiente rico em atividades lúdicas ao passo que proporcione um desenvolvimento sadio, desenvolve habilidades motoras, aumente a integração, estimule a sensibilidade; favoreça espaços livres que possibilitem as crianças se lançarem de maneira livre em suas ações criativas.
Além disso, faz-se necessário delinear espaços físicos que atendam o ritmo de "ser criança", sendo que esta precisa encontrar no espaço educativo um ambiente que prime pela cultura infantil, seus valores e ansiedades. Para que se realize um trabalho eficaz na educação infantil, precisa-se sensibilizar o olhar para as vivências, ações e reações das crianças no cotidiano escolar, estabelecendo uma rotina estruturada, percebendo a criança como um sujeito afetivo, criando vínculo emocional que fortaleça a relação entre adultos e crianças, permitindo espaço para o diálogo e a reflexão.
Diante disso, é imprescindível que o educador que atua nesse nível de ensino, conheça o processo de como as crianças pequenas aprendem e se desenvolvem, ocupando um espaço primordial na concepção da formação desses profissionais.  Uma vez que, segundo Hermida (2007, p. 289)
Para desempenhar a contento a mediação de aprendizagens na construção de significados, o educador precisa conhecer como as crianças pensam e se apropriam dos conhecimentos para saber intervir no sentido de que elas possam avançar.
Nesse sentido, o mesmo autor continua:
Para isso, é fundamental que o profissional tenha clareza e consciência quanto às intenções educativas que norteiam seu trabalho e elabore propostas claras sobre o que, quando e como ensinar, a fim de possibilitar atividades de ensino e aprendizagem de maneira adequada e coerente com seus objetivos, enriquecendo e promovendo o desenvolvimento das crianças.
Assim sendo, acredita-se que os ambientes escolares devem ter qualidade em seu atendimento, tanto no espaço físico quanto na preparação dos profissionais, garantindo os direitos básicos à educação e um cuidado atencioso às crianças. Para que isso aconteça de fato, é necessário que se tenha profissionais habilitados para que esse atendimento seja confiável.
Diante dos argumentos expostos, percebe-se a importância dada a Educação Infantil, pois a criança que tem o privilégio de fazer parte desse espaço educativo passa a ser "educada" e a relacionar-se com os objetos e materiais ali presentes de forma diferenciada, tendo também seu comportamento modificado. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A historia da Educação Infantil tem revelado que as crianças em desenvolvimento não mais ocupam um lugar desconhecido, mas sua relevância tem sido cada vez mais compreendida, ao perceber-se que é na infância que se desenvolvem as características mais importantes para o equilíbrio e inteligência do adulto.
A importância da Educação Infantil é comprovada pelo interesse que vem ganhando ao longo da historia, e sua eficácia é garantida pela combinação dos seguintes fatores: consideração as características da criança, ambiente adequado a cada fase do seu desenvolvimento, profissionais preparados, socialização com indivíduos semelhantes e estímulo à criança.
A criança precisa de assistência, cuidado e consequentemente de educação dirigida, que lhe possibilite um amplo desenvolvimento de suas faculdades mentais e físicas, contudo a educação familiar aliada à escolar permitirá que a criança ultrapasse as diversas transformações que ocorrerá ao longo de sua vida, de forma equilibrada e sadia.



REFERÊNCIAS

ANTUNES, C. Educação infantil: prioridade imprescindível. Petrópolis: Vozes, 2004.
ARIÈS, P. Historia Social da criança e da família. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.
BALDWIN, A. L. Teorias do desenvolvimento da criança. São Paulo: Pioneira, 1973.
FERRARI, M. Friedrich Froebel: o formador das crianças pequenas. Revista Nova Escola. Edição Especial: Compilação dos volumes 1 e 2 dos Grandes Pensadores, jul. 2008. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/formador-criancas-pequenas-422947.shtml?page=2>. Acesso em: 06 fev. 2011.  
FREUD, S. Três ensaios sobre a sexualidade. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1973.
HERMIDA, J. F. (org.) Educação Infantil: políticas e fundamentos. 1 ed. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2007.
HEIDRICH, G. Educação Infantil no Brasil: cem anos de espera. Revista Nova Escola, mar.2010. Disponível em: < http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/educacao-infantil-no-brasil/educação-infantil-brasil-cem-anos-espera-540838.shtml?page=1>.Acesso em 06 fev. 2011
MUSSEN, P. H. O desenvolvimento psicológico da criança. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1982.
PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1974
KUHLMANN JR., M. Histórias da educação infantil brasileira. Revista Brasileira de Educação- Anped. Campinas: Autores Associados. nº. 14, p. 5-18. mai/jun./jul./Ago. 2000. 




Autoras: Aline Alencar S. Moura, Roziane dos Santos Gonçalves e Valéria Assunção Lima

Fonte: Só Pedagogia

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