ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO - FEVEREIRO

ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO

"NARRATIVAS LÚDICAS DA INFÂNCIA - A música e o ritmo, O corpo e a dança, A escuta e o brincar"

EM BREVE!!!

EDUCADORES, PAIS, ARTISTAS, ESTUDANTES E TODOS OS INTERESSADOS EM ARTE, EDUCAÇÃO E LUDICIDADE ESTÃO CONVIDADOS!


Abordando a importância do reconhecimento do brincar como linguagem própria e fundamental da criança e meio por excelência para a construção de conhecimentos sobre si, sobre a relação com o outro e as coisas do mundo. Serão apresentadas aos participantes as contribuições da brincadeira para o desenvolvimento integral, bem como questões presentes na sociedade contemporânea que impedem a concretização de uma infância plena e permeada pela ludicidade.

Para mais informações acesse: www.ateliegiramundo.com ou envie uma mensagem para contato@ateliegiramundo.com

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A Importância e o Significado do Desenho Infantil


Imagem: Internet



O Desenho é a principal forma de comunicação de uma criança! Mas o que isto significa? Será possível analisar o Desenho? É apenas importante o que é desenhado, ou a forma, a intensidade do traço e as cores utilizadas também serão relevantes? E no que diz respeito à sua evolução, será que o ato de desenhar passa por diferentes etapas de desenvolvimento? 

A Importância e o Significado do Desenho Infantil

Como é sabido, o desenho é utilizado como uma forma de comunicação desde a pré-história, altura em que os homens através de figuras desenhadas nas paredes das cavernas partilhavam as suas actividades e os seus pensamentos. O mesmo se passa com o Desenho Infantil, seja ele feito por um bebé ou por uma criança. Se por um lado, o bebé através de um lápis e de uma folha branca dá largas à sua imaginação através de descargas motoras; por outro, a criança através do desenho livre projeta os seus conflitos internos, mesmo nos casos em que não gosta de desenhar. 

Assim, a folha branca funciona como um “espelho”: onde as imagens desenhadas não são cópias fiéis da realidade, mas sim cópias da realidade tal como ela é vivida. Este facto observa-se quando é pedido a um grupo de crianças que desenhe um/a menino/a e no final todos os desenhos ficarem diferentes, podendo parecer-se em algo mas nunca sendo iguais. Desta forma, o Desenho funciona como uma ferramenta para exprimir desejos, tensões internas, sonhos e fantasias e até mesmo impulsos agressivos.

Complementarmente o Desenho é ainda um meio para o Bebé e a Criança expressarem e estimularem a sua criatividade. Daí que se torne imprescindível que os Pais e os Educadores respeitem os ritmos e as vontades de cada criança, permitindo que desenhe livremente, sem intervenção constante, e explorando simultaneamente diferentes texturas, cores e materiais. Deste modo, o acto de desenhar deverá ser sempre incentivado e reforçado. No fundo, é imprescindível que todas as crianças desde muito novas tenham contacto com lápis e folhas de papel, na medida em que desenhar traz benefícios e promove várias áreas do desenvolvimento infantil, como: - a Motricidade fina; - a Formação da personalidade;- a Escrita e leitura; - a Criatividade; - a Auto-Confiança; - a Comunicação com os Outros e consigo mesmo; e - a Maturidade cognitiva.


A Evolução do Desenho Infantil


O desenho como possibilidade de brincar, criar e comunicar marca o desenvolvimento da infância. Porém, em cada etapa de desenvolvimento, o desenho assume um carácter próprio. Deste modo, tal como o bebé e a criança passam por diferentes etapas de desenvolvimento, o mesmo acontece com o Desenho Infantil. G. H. Luquet, filósofo e professor, ao longo da sua investigação postulou 4 etapas muito interessantes pelas quais o desenho vai progredindo. Estas etapas caracterizam-se por formas de desenhar bastante semelhantes em todas as crianças, apesar da individualidade de cada uma.


Realismo fortuito:

(1 - 2 anos)
Finaliza o período dos rabiscos e inicia a idade das famosas garatujas. O bebé faz riscos desprovidos de controlo motor, ignora os limites do papel e mexe o corpo todo para desenhar. Primeiramente as garatujas baseiam-se em linhas longitudinais, progressivamente tornam-se circulares e finalmente estes círculos passam a ser fechados. No final desta fase é provável que comecem a surgir os primeiros indícios das figuras humanas.
Realismo falhado:

(3 - 4 anos)
Nesta etapa a criança já respeita os limites do papel e o desenho pretende ser realista, mas não consegue por razões no âmbito da motricidade (a criança não controla ainda os movimentos gráficos) e da cognição (a atenção é muito limitada e descontínua). A grande dificuldade prende-se ao nível da proporção e da posição dos elementos do desenho: podem surgir braços mais compridos que as pernas, ou os olhos deslocados da cara.
Realismo intelectual:

(4 - 7/8 anos)
É uma etapa caracterizada por temas clássicos e “escolares” do desenho infantil: paisagens, casas, carros e animais, tendo sempre muita atenção às cores, uma vez que há a tentativa de ser o mais realista possível. Apresenta ainda como características: as perspectivas, ou seja, as figuras humanas apresentam mais detalhes, como a cabeça de perfil; a antropomorfização, isto é, atribuir partes humanas a elementos da natureza (ex: sol com olhos e boca); astransparências, em que as paredes da casa serão transparentes para que os moveis sejam visíveis; e finalmente a profundidade, em que a criança tem em atenção a posição dos elementos no desenho (ex: relva em baixo, menina em cima e montanhas atrás).
Realismo visual:
(8/9 - 12 anos)
Nesta etapa a criança começa a criticar os seus desenhos. A transparência evolui para a opacidade.
A entrada nesta fase é gradual e não isenta de recuos. Extremamente exigentes, muitas crianças deixam de desenhar se acham que os seus desenhos não ficaram bonitos e perfeitos.


Estas etapas progressivas do Desenho Infantil implicam mudanças significativas na cognição e na motricidade, possibilitando a passagem das garatujas para as construções cada vez mais realistas que remetem para o surgimento dos primeiros símbolos. É aqui que a criança, através do seu desenho, consegue criar e recriar formas expressivas, usando a sua imaginação, a sua reflexão, a sua percepção e a sua sensibilidade. Assim, o Desenho é por excelência o modo de expressão próprio da criança.


A Interpretação Clínica do Desenho Infantil


No âmbito da Psicologia Clínica, mais concretamente nas Avaliações Psicológicas, o Psicólogo Clínico acede ao inconsciente através da análise do material simbólico patente nos desenhos, nos sonhos e em outras provas projectivas. Porém, quando se pretende interpretar o Desenho de uma criança, nunca se deverá fazê-lo isolado da história que o acompanha e da história da própria criança. Complementarmente, serão tidas em conta outras características do Desenho, como as cores (avaliadas quanto à variação, intensidade e frequência de utilização); os traços (contínuos ou com falhas); adimensão (se o desenho ocupa a folha toda, ou se é muito pequeno); a posição na folha (se está totalmente colocado no cimo, em baixo, do lado esquerdo ou do lado direito da folha); e a pressão (se o traço na folha é muito intenso ou quase apagado). Finalmente, a idade da criança que desenha é também muito importante, na medida em que permite ao Psicólogo Clínico verificar se a “qualidade” dos elementos desenhados se coadunam com as competências esperadas para a fase de desenvolvimento em que a criança se encontra.

Neste sentido, o Desenho de uma Criança possibilita analisar a sua personalidade, as suas dificuldades, o nível da sua maturidade cognitiva, as suas capacidades grafo-perceptivas e os seus conflitos emocionais. Em suma, o Desenho proporciona, ao Bebé e à Criança, comunicar aquilo que sentem, vivem e sonham, ao mesmo tempo que exteriorizam as emoções, os sentimentos e as angústias. 








Referências:
Decobert, S. & Sacco, F. (2000). O Desenho no trabalho Psicanalítico com a Criança. Lisboa: Climepsi.
Luquet, G. H. (1979). O Desenho Infantil. Porto: Livraria Civilização.


Autora: Dra. Marta Fernandes - Psicóloga Clínica

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