ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO - FEVEREIRO

ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO

"NARRATIVAS LÚDICAS DA INFÂNCIA - A música e o ritmo, O corpo e a dança, A escuta e o brincar"

EM BREVE!!!

EDUCADORES, PAIS, ARTISTAS, ESTUDANTES E TODOS OS INTERESSADOS EM ARTE, EDUCAÇÃO E LUDICIDADE ESTÃO CONVIDADOS!


Abordando a importância do reconhecimento do brincar como linguagem própria e fundamental da criança e meio por excelência para a construção de conhecimentos sobre si, sobre a relação com o outro e as coisas do mundo. Serão apresentadas aos participantes as contribuições da brincadeira para o desenvolvimento integral, bem como questões presentes na sociedade contemporânea que impedem a concretização de uma infância plena e permeada pela ludicidade.

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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

O educador e o lúdico


  Imagem: Internet



Sair da rotina
Buscar o novo
O caminho percorrido por outrem
Experimentar o diferente...
Esta a magia do humano
Perseguir a transformação
Permanente...
O Agora nunca é o mesmo, ainda que eterno...
Educar será sempre preparar para o amanhã
Levar o jovem a andar com as próprias pernas
Sem medo de errar...
Que significa caminhar...
Assim, inovar em educação
É estar ciente de que "nunca entramos duas vezes numa mesma escola"
Como diria Heráclito
Até porque a criança de hoje já não é a mesma...
(ESPÍRITO SANTO,2002,p.75-76)



Ainda hoje encontramos professores que pensam que "hora de brincar" é hora de brincar e "hora de estudar" é hora de estudar. E relatam que após o término das atividades disponibilizam um momento para que seus alunos brinquem ou outros que seus alunos já brincam durante as aulas de Educação Física.
De acordo com Brougère (2010) "sob o olhar de um educador atencioso, as brincadeiras infantis revelam um conteúdo riquíssimo, que pode ser usado para estimular o aprendizado. Segundo o filosofo "ninguém nasce sabendo brincar. É preciso aprender". E o professor pode enriquecer essa experiência. Mas esta não é a questão: o que se deseja é que a aprendizagem seja englobada ao lúdico e vice-versa. Que esta interação entre a atividade lúdica e a prática educativa resgate o interesse, o prazer, o entusiasmo pelo ato de aprender.
Bem sabemos que por meio do brincar livre a criança aprende, interagem, exploram, experimentam, imitam, mas através do brincar dirigido, elas também aprendem, mas com outra dimensão e uma nova variedade de possibilidades, estendendo-se a um relativo domínio dentro daquela área ou atividade.
Segundo Freire (2002) "ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." Assim o professor pode ter um meio através do lúdico de proporcionar essa construção e a produção do conhecimento pelas crianças.
Na escola a criança tem a possibilidade de combinar os jogos de livre escolha com os jogos organizados. Por isso, o professor na questão do lúdico é de suma importância, pois ele não será somente alguém que transmite conhecimento, mas quem diretamente influenciar a personalidade da criança.
Novas tarefas passaram a ser colocadas a escola e novas tarefas igualmente se apresentam aos professores. Hoje, mais do que nunca, os professores precisam ser competentes ao extremo.
E isso representa rever suas metodologias e abrir espaço para novas formas de ensinar e novas maneiras de aprender.
Ser educador em tempos de mudança educacionais é uma tarefa árdua, pois estamos marcados pela ansiedade, medo, resistência e ao mesmo tempo esperança. Navega-se sem bússola em caminhos desconhecidos e só tem uma saída: a formação continuada, para que possam se atualizar constantemente de forma a se manter na vanguarda dos processos inovadores da área educacional. Atualmente a educação exige que os educadores sejam multifuncionais, não apenas educadores, mas psicólogos, pedagogos, filósofos, sociólogos, psicopedagogos, recepcionistas e muito mais para que possa desenvolver as habilidades e a confiança necessária nos educandos, para que tenham sucesso no processo de aprendizagem e na vida (MARTINS, QUEIROZ, 2002, p.5).
Cabe ao professor criar situações adequadas para provocar curiosidade na criança e estimular a construção de seu conhecimento. O aspecto criativo do professor em sala de aula é fundamental:
O professor deve atuar como alguém que entende essa importância e, conseqüentemente, dedica tempo para a brincadeira diariamente dentro da escola. Mas que os brinquedos não devem servir na sala de aula como um instrumento para se preencherem os espaços vazios, mas sim "a idéia é de fazer da brincadeira um objeto de estudo para conhecer mais o aluno e os processos de desenvolvimento em que ele se encontra (VITÓRIA, 2005, p.32).


Lúdico e a aprendizagem: o papel do lúdico como instrumento facilitador no ensino aprendizagem

Brincando as crianças conhecem a si própria e aos outros em relação recíproca, para aprender as diferenças sociais e seus comportamentos, os hábitos determinados pela a cultura, para conhecer e identificar os objetos e seus contextos, ou seja, o uso cultural dos objetivos para desenvolver a linguagem e a narrativa, para trabalhar com o imaginário, para conhecer os eventos e fenômenos que ocorrem a sua volta. "A criança precisa brincar, inventar, jogar, para crescer e manter o seu equilíbrio com o mundo." (RALLO, 1993, p.11.)
As funções da brincadeira e permitir a criança o do movimento se relacionar com o outro, explorar o espaço situando-se nele, como os objetos e o próprio corpo. As brincadeiras têm como intuito de promover uma educação diferenciada, uma educação capaz de encarar a ludicidade como um fator motivador, facilitador da aprendizagem cognitiva, afetiva e psicomotora dos educando, tornando-se seres pensantes, dotados de emoções e sentimentos interagindo todo o tempo com o social.
Para SILVA JUNIOR (2005) o brincar é a forma mais fácil e real para se estabelecer relações afetivas com a criança. É um meio para transmitir segurança e confiança para que a sua introdução no processo de escolarização seja saudável e prazerosa, sem sofrimentos e culpas.
Onde a atividade lúdica revela-se como um instrumento facilitador da aprendizagem, pois possui valor educacional intrínseco, criando condições para que a criança explore interaja com seus companheiros e resolva situações problemas. É visto também como um recurso no processo de ensino-aprendizagem, tornado o mais fácil, enriquece a dinâmica das relações na sala de aula e possibilita um fortalecimento da relação entre o ser que ensina e o ser que aprende. "A todo o momento, o professor devera tomar consciência da timidez, liderança, criatividade, inteligência dos alunos. "" (SILVA JUNIOR, 2005, p. 17).
Assim sendo, a vivência de situações concretas com jogos diversos e múltiplas atividades que favoreçam a construção de um ambiente alfabetizado.
A verdadeira aprendizagem não se faz apenas copiando do quadro ou prestando atenção ao professor, mas sim no brincar, muitas vezes, acrescenta ao currículo escolar uma maior vivacidade de situações que ampliam as possibilidades de a criança aprender e construir o conhecimento. O brincar permite que o aprendiz tenha mais liberdade de pensar e de criar para desenvolver-se plenamente.
Aléxis Leontiev (1988) afirma que é na atividade lúdica que o educando desenvolve sua habilidade de subordinar-se a uma regra, mesmo quando um estimulo direto o impede a fazer algo diferente. "Dominar as regras significa dominar seu próprio comportamento, aprendendo a controlá-lo, aprendendo a subordiná-lo a um propósito definitivo". (LEONTIEV apud QUEIROS; MARTINS, 2006, p.7)
O brincar é visto como uma proposta criativa e recreativa de caráter físico ou mental, permitindo assim ao educando criar, imaginar, fazer de conta, funcionar como laboratório de aprendizagem.


O jogo e suas características

O jogo, em seu sentido integral, é o mais eficiente meio estimulador das inteligências.
O espaço do jogo permite que a criança (e até mesmo o adulto) realize tudo quanto deseja. Quando entretido em um jogo, o individuo é quem quer ser, ordena o que quer ordenar, decide sem restrições. Graças a ele, pode obter a satisfação simbólica do desejo de ser grande, do anseio em ser livre. Socialmente o jogo impõe o controle dos impulsos, a aceitação das regras, mas sem que se aliene a elas, posto que sejam as mesmas estabelecidas pelos jogos e não impostas por qualquer estrutura alienante.
Brincando com sua especialidade, a criança se envolve na fantasia e constrói um atalho entre o mundo inconsciente, onde desejava viver, e o mundo real, onde precisa conviver. "É o brinquedo, como, todo material didático da escola, que proporciona condições favoráveis ao desenvolvimento sócio-emocional, cognitivo e afetivo das crianças." (PEREIRA, 2002, p.108).
Ainda que separado os jogos por faixa etária, existem expressivas diferenças entre os jogos para crianças não alfabetizadas e crianças que se alfabetizam.
Para as crianças não alfabetizadas ainda, os jogos devem ser vistos como leituras da realidade e como ferramenta de compreensão de relações entre elementos significativos (palavras, fotos, desenhos, cores, etc.) e seus significados (objetos). Nessas relações, Piaget destaca quatro etapas que, em todos os jogos, podem ser claramente delineados: os índices, relações significantes estreitamente ligados aos significados (é o caso de um animal indicando sua passagem pelo local); os sinais, relações indicadoras de etapas e marcações dos jogos (como é o caso do apito ou dos sinais de inicio, termino ou etapas), os símbolos, relações já mais distantes entre o significante e o significado (fotos, desenhos, esquemas) e, finalmente, os signos, elementos significantes inteiramente independentes dos objetos (como as palavras e os números).
Utilizando essas etapas, a seleção dos jogos que eventualmente se empregará deverá evoluir de jogos estimuladores de índices aos estimuladores de signos, e, desta forma, jogos que estimulam o tato, a audição, o paladar (índices) devem proceder aos que estimulam ou se apóiam em sinalizações e após estes se tornam inteiramente validos os que levam á descoberta de símbolos (pesquisar revistas, recortar, colar, desenhar, dramatizar) e após símbolos e que já pressupõem a compreensão de letras e desenhos de objetos correspondentes ás palavras.
A inteligência da criança se desenvolvem basicamente por meio da sua própria experiência e interação com as pessoas e com os objetos. É necessário, então, entender o significado que tem nesta idade a experimentação, a curiosidade e a brincadeira infantil: as experiências são o alimento para desenvolvimento do seu pensamento e da sua capacidade de raciocínio. (HAEUSSLER, RODRIGUEZ, 2OO5, p.177).
Pensando em crianças, desde a vida pré-natal até a adolescência, convictos de que o desenvolvimento da inteligência humana não termina nessa faixa etária, ao contrário, cresce por toda vida, principalmente para as pessoas que acreditam no poder de seu cérebro e sabem construir suas próprias motivações.


O desenvolvimento humano: um processo em construção

De acordo com Oliveira (2002) historicamente, diferentes concepções acerca do desenvolvimento humano têm sido traçadas na psicologia. Elas buscam responder como cada um chegou a ser aquilo que é e mostra quais os caminhos abertos para mudanças nessas maneiras de ser, quais as possibilidades de cada indivíduo para aprender. Onde os fatores hereditários e o papel da maturação orgânica têm sido superestimados por correntes afins do biologismo ou do inatismo, que enfatizam a espontaneidade das transformações nas capacidades psicológicas do individuo, sustentando que dependeriam muito pouco da influencia de fatores externos a ele.
Essa corrente de pensamento ainda hoje é particularmente forte na educação infantil, subsidiando concepções de que a educação da infância envolveria apenas regar as pequenas sementes para que estas desabrochem suas aptidões.
Outras correntes explicativas, ao contrario, têm assegurado que o ambiente é o principal elemento de determinação do desenvolvimento humano. Segundo elas, o homem tem plastidade para adaptarem-se a diferentes situações de existências, aprendendo novos comportamentos, desde que lhe sejam dadas condições favoráveis. Na educação infantil tal concepção promoveu a criação de muitos programas de intervenção sobre o cotidiano e a aprendizagem da criança, em idades cada vez mais precoces. Todavia, essa visão minimiza a iniciativa do próprio sujeito e também o fato de as reações dos diversos sujeitos submetidos à pressões de um mesmo meio social não serem semelhantes.
O desenvolvimento humano não decorre da ação isolada de fatores genéticos que buscam condições para o seu amadurecimento nem de fatores ambientais que agem sobre o organismo vivo, o humano inscreve-se em uma linha de desenvolvimento condicionada tanto pelo equipamento biocomportamental da espécie quanto pela operação de mecanismos gerais de interação com o meio (OLIVEIRA, 2002, p.126).
Por essa perspectiva, não há uma essência humana, mas uma construção do homem em sua permanente atividade de adaptação a um ambiente. Ao mesmo tempo em que a criança modifica seu meio, é modificado por ele. Em outras palavras, ao construir seu meio, atribuindo-lhe a cada momento determinado significado, a criança é por ele constituída; adota formas culturais de ação que transformam sua maneira de expressar-se, pensar, agir e sentir, isto é, seu desempenho, através do corpo, com suas representações.


Espaço para o lúdico

A fantasia do brincar caracteriza a didática a ser desenvolvida para faixa de idade da educação infantil, o que determina focar o espaço para o lúdico.
Embasada em experiencia própria e pelas observações nos estagios, os professores que atuam em classes iniciais (creche, jardim de infância e mesmo as primeiras séries do ensino fundamental) já passaram pela experiência de observar os seus alunos em atitudes, no mínimo, curiosas: conversam com brinquedos e objetos como se vida tivessem, transformam terra, pedras, papéis em comidinha e servem para os amigos, assumem personalidades de outras pessoas tratando de doentes como se médicos fossem, ensinados aos seus alunos como os professores, cuidando dos filhos igual aos pais, conversando como comadres.
Para melhor lidar com estas questões, antes de mais nada, o professor deve procurar entender a natureza infantil.
Brincar é um ato tão espontâneo e natural para a criança quanto comer, dormir, andar ou falar. Basta observar um bebê nas diferentes fases de seu crescimento para confirmar tal fato: logo que descobre as próprias mãos, brinca com elas; a descoberta dos pés é outro brinquedo fascinante; diverte-se com a voz quando balbucia os primeiros sons, cospe a chupeta ou o alimento vezes seguidas atira, incansavelmente, um objeto ao chão, desafiando a paciência de quem o apanha: levanta-se e torna a cair entretendo-se com isto pula sem parar; corre sem se cansar.
O brincar é o fazer em si , um fazer que requer tempo e espaço próprios; um fazer que se constitui de experiências culturais, que é universal e próprio da saúde, porque facilita o crescimento, conduz aos relacionamentos grupais, podendo ser um forma de comunicação consigo mesmo (a criança) e com os outros. (WINNICOTT apud MARTINS, QUEIROS, 2002, p.13).
É brincando que a criança conhece a si e ao mundo quando mexe com as mãos e os pés, segura a chupeta ou um brinquedo, seja levando-os à boca, sacudindo ou atirando-os longe, vai descobrindo suas próprias possibilidades e conhecendo os elementos do mundo exterior através da comparação de suas características, tais como, macio, duro, leve, pesado, grande, pequeno, áspero, liso.
Enquanto brinca, aprende quando corre atrás de uma bola, empina uma pipa, rola pelo chão, pula corda, está explorando o espaço à sua volta e vivenciando a passagem do tempo.


As segundas intenções e os benefícios do brincar

O lúdico não deve ser visto meramente como um passatempo.
Brincando a criança não apenas enriquece o desenvolvimento social durante as brincadeiras, mas também o pensar, o levantar hipóteses, solucionar problemas além de construir conhecimento e enriquecer o desenvolvimento intelectual.
Necessariamente a criança não depende de objetos para brincar, pode criar situações de faz-de-conta assim sendo, a criança pode manifestar sua independência, pois cabe a ela escolher a brincadeira, seu parceiro e de que forma ela irá desenvolver.
As funções que o brincar assumem na infância é revelar sua complexidade, sugerindo que compreenda sua importância e tem para o ser humano em qualquer idade e de desenvolvimento cultural de um povo.
Brincando as crianças podem colocar desafios e questões a serem por elas mesmas resolvidas, dando margem a hipóteses de soluções para os problemas colocados.
Muitos adultos quando referem-se à criança e ao que lhe é pertinente, referem-se de uma maneira pejorativa, desqualificada ou desconsiderada. Muitos consideram que "brincar" é o verbo da criança. Mas o brincar é a maneira como ela conhece, experimenta, aprende, aprende, vivência, expõe emoções, coloca conflitos, elabora-os ou não interage consigo e com o mundo.
Felizmente Froebel (2009) ousou olhar de forma diferenciada para as crianças e foi um dos primeiros educadores a considerar o início da infância como uma fase de importância decisiva na formação das pessoas. Onde suas técnicas são utilizadas até hoje na Educação Infantil. Para ele, as brincadeiras são o primeiro recurso no caminho da aprendizagem. Não devendo ser consideradas como apenas diversão, mas um modo de criar representações do mundo concreto com a finalidade de entendê-lo.
O corpo é um brinquedo para a criança. Através dele, ela descobre sons, descobre que pode rolar, virar cambalhota, saltar, manusear, apertar, que pode se comunicar. O mesmo brinquedo pode servir de fonte diferente de exploração e conhecimento. Uma bola para uma criança de dois anos pode ser fonte de interesse com relação a tamanho, cor e para uma criança de seis anos o interesse pode ser mais redacional: jogar e receber a bola do outro, fazer gol.
É importante que a criança possa brincar sozinha e em grupo, preferencialmente com crianças de idade próximas. Desse modo ela tem possibilidade, também, de ampliar sua consciência de si mesma, pois pode saber como ela é num grupo que é mais receptivo, num outro que é mais agressivo, num que ela é líder, num outro em que é liderada, etc. Lidando com as diferenças, ela amplia seu conjunto de vivências.
Infelizmente as crianças hoje entendem por brincadeira os jogos eletrônicos. Ficando as mesmas sem se movimentarem, onde se tornam sedentárias e obesas. Esqueceram-se do prazer que proporciona as brincadeiras tradicionais como, por exemplo, pular corda, elástico, pique alto, esconde-esconde, passar anel, mar vermelho, etc, que fazem com que as crianças se movimentem a todo tempo, gastando energia e dando liberdade para criar proporcionando alegria e prazer.
As razões para brincar são inúmeras, pois sabemos que a brincadeira só faz bem. Tanto faz bem que o direito de brincar é amparado por lei. O brincar favorece a descoberta, a curiosidade, uma vez que auxilia na concentração, na percepção, na observação, e, além disso, as crianças desenvolvem os músculos, absorvem oxigênio, crescem, movimentam-se no espaço, descobrindo o seu próprio corpo.
O brincar tem um papel fundamental neste processo, nas etapas de desenvolvimento da criança. Na brincadeira, a criança representa o mundo em que está inserida, transformando-o de acordo com as suas fantasias e vontades e com isso solucionando problemas. Mas alguns cuidados devem ser tomados com esta relação da criança com o brinquedo, como por exemplo: brincar deve ser divertido, prazeroso e não tarefa e o brinquedo devem estar de acordo com o interesse da criança.
Seguem algumas sugestões de brinquedos de acordo com a faixa etária, que tiveram como fonte o livro O direito de brincar, Ed. Fund. Abrinq apud OLIVEIRA, 2006.
  • Três meses: Chocalhos, mordedores, figuras enfiadas em cordão para instalar no berço ou carrinho.
  • Seis meses: Quadros com peças coloridas, de formas diversificadas, peças que correm em trilhos.
  • Oito meses: Bolas, cubos em tecidos, caixas de música com alça para puxar.
  • Dez meses: Bonecos em tecido com roupas fixas, animais em tecido (não pelúcia), sem detalhes que possam ser arrancados.
  • Um ano: Cavalinhos de pau, carrinhos de puxar e empurrar, blocos de construção simples, cadeiras de balanço.
  • Dois ano: Veículos sem pedais, que se movem pelo impulso dos pés.
  • Três anos: Veículos com pedais, triciclos, bonecas com pés e mãos articulados, jogos de memória.
  • Quatro anos: Roupas de fantasia, super-heróis, máscaras.
  • Cinco anos: Miniaturas de figuras simples, soldados de chumbo, maquiagem, bolsas, bijuterias, móveis do tamanho da criança.
  • Seis anos: Aviões, barcos e autoramas.
  • Oito anos: Jogos de xadrez, damas, simulação e mistério.
O brinquedo pode conter uma série de significados para a criança, mesmo que ela não o use, não ligue para ele, ou ele já esteja surrado e quebrado. Ele pode ser um amigo, um conforto, uma segurança e desse modo ela pode não ter condições ou vontade de se desfazer do brinquedo num determinado momento. O que nada tem a ver com ser ou não ser egoísta.
Algumas questões polêmicas surgem quando fala-se desta relação do brincar. São elas:
  • Menino pode brincar de boneca e menina de bola? Alguns pais ficam aflitos com esta questão, pois acreditam que a sexualidade será definida a partir desta escolha. Neste caso, é bom informar que a criança irá definir sua sexualidade a partir do contexto que vivenciam. Da forma como pai e mãe se relacionam, de como o papel masculino e feminino lhe são apresentados no cotidiano, como estes pais se relacionam com a criança, de como esta criança vai sendo criada.
  • Arma de brinquedo produz agressividade? Agressividade é um sentimento que todos nós temos e culturalmente lidamos mal. Normalmente a associamos com violência, ou a vemos apenas pelo seu aspecto destrutivo. Não nos damos conta de que precisamos dela para procurar um emprego, para comermos, para criarmos, para fazermos um artigo para o jornal, etc. Quando uma criança diz que está com raiva, logo é atropelada pelo adulto que diz: "Você não gosta de mim não?" Como se uma coisa fosse impeditiva da outra.
  • O uso de vídeo-game e computador ajuda ou atrapalha no desenvolvimento da criança? O excesso atrapalha. Uma criança que passa várias horas na frente do computador acaba não se relacionando com outras coisas e pessoas que são importantes para um desenvolvimento melhor. O bom é que ela possa ter condições de fazer várias experiências para ter uma visão de mundo mais ampla.
É preciso também que o adulto esteja atento ao uso dessa criança na internet, por exemplo, onde ela tem acesso a todo tipo de informação e de pessoas. O cuidado e avaliação constantes do adulto devem caminhar no sentido de auxiliar a criança a desenvolver senso crítico. A realidade deve ser apresentada à criança aos poucos na medida de suas possibilidades, necessidades e etapa evolutiva.


Autor: Vanderléia Moreira Barrozo

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