ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO - FEVEREIRO

ENCONTROS DE ARTE EDUCAÇÃO

"NARRATIVAS LÚDICAS DA INFÂNCIA - A música e o ritmo, O corpo e a dança, A escuta e o brincar"

EM BREVE!!!

EDUCADORES, PAIS, ARTISTAS, ESTUDANTES E TODOS OS INTERESSADOS EM ARTE, EDUCAÇÃO E LUDICIDADE ESTÃO CONVIDADOS!


Abordando a importância do reconhecimento do brincar como linguagem própria e fundamental da criança e meio por excelência para a construção de conhecimentos sobre si, sobre a relação com o outro e as coisas do mundo. Serão apresentadas aos participantes as contribuições da brincadeira para o desenvolvimento integral, bem como questões presentes na sociedade contemporânea que impedem a concretização de uma infância plena e permeada pela ludicidade.

Para mais informações acesse: www.ateliegiramundo.com ou envie uma mensagem para contato@ateliegiramundo.com

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

A educação começa em casa

Imagem: Internet


Com licença e, por favor, deixem-me falar de EDUCAÇÃO no momento em que estamos nos acostumando, cada vez mais, com a falta dela! As notícias e as cenas que assistimos, diariamente, ao vivo ou pela TV sobre os comportamentos inadequados de crianças e jovens, nas ruas, parquinhos, cinemas, shopping e escolas, isto é, a nossa volta, dá-nos a sensação de que há muito tempo já passamos dos limites. É criança que chuta, morde, xinga, grita com pai e mãe por qualquer motivo que vou ficando cada vez mais abismada (basta assistir a Supernany)! Na escola não é diferente. A falta da educação começa na creche, perpassa a pré-escola, o ensino fundamental e chega aos marmanjões do ensino médio e superior.

Os adolescentes quase não interagem com os mais velhos, ocupados demais com seus umbigos. Nos seus bandos, usam um dialeto que passa longe da língua portuguesa. Entre si falam palavrões a toda hora expressando, com eles, qualquer sentimento seja de raiva ou amor: É FO...; PORR...; VAI TOMAR; CARA... Já perceberam que na tentativa de nos comunicar com eles, suas falas se resumem a uma frase de cinco palavras, sendo três de palavrões?! E aí eu me pergunto o que está acontecendo? Cadê a educação? De quem é a culpa? Que tipo de gente vai conviver com os nossos netos, que espero, sejam EDUCADOS?

O comportamento humano tem como característica a padronização – observa e copia, isto é, repete o comportamento adotado em novas situações, assim como tende a ser imitado pelos que o cercam. A gratificação ou a punição decorrente das suas diversas ações, (o que é considerado certo ou errado na sua comunidade), leva à padronização e à formação de usos e costumes, e, ainda, à cristalização das formas de comportamento social, ou a sua institucionalização. O início desta relação – observa e copia - dá-se na família, com suas regras e normas, tão conhecidas de nós: Não gritar, não morder, não brigar, não chutar, não cuspir, não colocar o dedo no nariz. Tem que sentar na cadeira e não na mesa; tem que tomar banho; escovar os dentes; respeitar os mais velhos...

De modo que é na família que se inicia a educação da criança, ou melhor, a sua adaptação a vida na sociedade, o que quer dizer, aprender a – NÃO SE TORNAR UM SER INSUPORTÁVEL SOCIALMENTE. A família, considerada uma das mais antigas e fortes instituições sociais, destacando-se das demais, por seu caráter universal, não é só a primeira forma de vida em grupo que o ser humano experimenta, mas também serve de mediadora entre o indivíduo e a sociedade. Em conjunto com a escola, a religião, a polícia, o exército e a burocracia do estado, estabelecem as regras e os procedimentos produzidos, aceitos e sancionados pela sociedade. 

Até bem pouco tempo atrás, ao procurar a escola para matricular seus filhos, a família, tinha muito claro o que queria dela: exclusivamente o ENSINO. No entanto, ultimamente a família, que vem sofrendo profundas mudanças, transfere para a escola (lembra que é outra instituição social) TODA a responsabilidade da EDUCAÇÃO. São os conhecidos pais ausentes, que se multiplicam assustadoramente! Hoje o professor, sobrecarregado, além de ensinar todo o conteúdo, tem que ensinar bons modos, valores e dar afeto. Precisa também ser psicólogo e assistente social, isto é, cumprir um papel que não é próprio de sua formação. Isto é impossível! Vejamos o seguinte: o dia tem vinte e quatro horas (24h), a grande maioria das crianças passa apenas quatro horas (4h) ou no máximo oito (8h) horas dentro da escola e vinte (20h) ou dezesseis horas (16h) fora dela (presume-se que na família).

Esta família, que está surgindo, que transfere as suas responsabilidades de educar para a escola, deixa também os seus filhos desnorteados pela falta de limites. Sim, criança precisa de limites! É esse tipo de criança e adolescente que vai quebrando tudo a sua volta, não reconhece autoridade e não respeita ninguém, dentro e fora da escola, não cede o lugar reservado para os idosos nos coletivos, xinga o professor, espanca os colegas, fala palavrões, in-fer-ni-za o ambiente escolar, que, por sua intrínseca natureza, deveria ser educativo. Sem o apoio dos pais de seus alunos, diretores e professores perdem a autoridade, vivendo, cotidianamente, situações que beiram a barbárie. 

Na tentativa de colocar um pouco de ordem, entra, neste cenário, outra instituição social (justiça), com as tais medidas disciplinares ou medidas sócio-educativas, com a intenção de garantir o respeito cívico e inalienável da convivência professor-aluno. Para nós educadores, esse fato novo - que na atual conjuntura faz-se necessário - desnuda e revela a fragilidade da escola e a falta de respeito com os seus profissionais. Essa intervenção do poder judiciário na escola soa como se fosse necessário que meu vizinho entrasse em minha casa, para me auxiliar a cumprir com os meus deveres familiares e a minha missão de esposa e mãe, garantindo a ordem! 

O fato é que os atos de indisciplina precisam, urgentemente, voltar a serem resolvidos no âmbito do próprio sistema educacional e com a parceria da família. O encaminhamento de algumas questões ao sistema da Justiça da Infância e Juventude (aí incluído o Conselho Tutelar), só deveria ocorrer, depois de esgotados TODOS os recursos disciplinares escolares e familiares possíveis. Diante disto e relembrando o que nossos pais aprenderam dos seus pais e repassaram para nós - é de pequeno que se torce o pepino... ou... Educação vem do berço. EDUCAÇÃO COMEÇA EM CASA! 


 
Autora: Drª Ângela Maria Costa

Professora do curso de Pedagogia da UFMS;
Coordenadora do Núcleo Regional da Aliança pela Infância – Campo Grande/MS


Fonte; Aliança pela Infância

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