Imagem: “Meninos brincando de soldados”, quadro de Jean-Baptiste Debret
O primeiro brinquedo utilizado pela criança é seu próprio corpo, que começa a ser explorado nos primeiros meses de vida; em seguida ela passa objetos do meio que produzem estimulações auditivas ou cinestésicas. A partir daí o brinquedo estará sempre na vida da criança, do adolescente e mesmo do adulto.
O mundo do brinquedo é um mundo composto, que representa o apego, à imitação, a representação e não aparece simplesmente como uma exigência indevida, mas faz parte da vontade de crescer e se desenvolver, ao brincar com bonecas ou utensílios domésticos em miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-os, designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações o eventualmente seus conflitos, gritos com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para descarregar sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto, pode escolher uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho amado, ou do qual tem ciúme.
Brincar com a criança
Os brinquedos terão sentido profundo se vierem representados pelo brincar. Por isso a criança não cansa de pedir aos adultos que brinquem com elas, estes, quando brincam com as crianças, tem a vantagem de dispor de uma experiência mais vasta mais rica, podendo ir mais longe com a imaginação, aumentando com isso seu coeficiente, não só de informações intelectuais, mais de nível linguístico, por exemplo, quando brinca de construção o adulto sabe calcular melhor as proporções e equilíbrio.
Possui um repertório mais rico do ponto de vista linguístico, e por isso ganha em organização, direção e abre novos horizontes.
Considerando a realidade em que vive a criança a intenção do adulto com ela, não se pode esquecer que o brinquedo torna-se hoje, um objeto de consumo numa sociedade que propõe qualquer objeto para ser consumido como brinquedo.
Absorvida pelo brinquedo (roupagem), a criança não joga mais, não explora mais, não cria nem representa concretamente seu pensamento, valores, mas torna-se objeto do verdadeiro objeto.
É fundamental compreender que o conteúdo do brinquedo não determina a brincadeira da criança.
Ao brincar com bonecas ou utensílios domésticos em miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-os, designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando suas próprias relações e eventualmente conflitos. Grita com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para descarregar sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto. Pode escolher uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho amado, ou do qual tem ciúme. Faz do brinquedo a representação, constituindo uma autentica atividade do pensamento.
“Demorou muito tempo até que se desse conta que as crianças não são homens ou mulheres em dimensões reduzidas – para não falar do tempo que levou até que essa consciência se impusesse também em relação às Walter Benjamim, em A criança, o brinquedo e a educação, ultrapassa os limites técnicos do brinquedo, dando-lhe um significado, atingindo uma concepção filosófica e psicológica profunda. Para ele jamais se chegaria à realidade ou ao conceito do brinquedo se tentasse explicá-lo unicamente pelo espírito da criança ou simplesmente pela concepção do adulto. Os brinquedos atuais variam entre brados de guerra, morte, combates, prazer, consumo utilizados pelas crianças, passando pelos jogos eletrônicos utilizados pelos adolescentes e atingindo os brinquedos eróticos e jogos nas estrelas utilizados pelos adultos.
Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação, 3ª ed., trad. Marcus Vinicius Mazzari, São Paulo: Summus Editorial, 19
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